Desnecessária a alguns, essencial a muitos, a apresentação sempre se faz presente, seja num simples opúsculo, seja num consagrado best-seller. Ela é a leitura dinâmica da obra, o cartão de visita, a manchete, a bula do produto que se está oferecendo. E é por meio desta “manchete” que o leitor ficará curioso, ou não, para ler o desfecho da história.
Quando imaginei escrever mais um romance, a grande dúvida pairou entre o real e o fictício. Nesse impasse, resolvi pinçar, como roteiro, fatos e lugares conhecidos e, como imaginário, personalidades fortes que caracterizassem o que anda acontecendo na Amazônia.
Os personagens são empregadores e empregados, latifundiários e invasores, todos com grau mínimo de instrução. Daí a linguagem usada por eles nos freqüentes diálogos, constantemente desrespeitando as normas de nosso idioma.
O livro vai escrito obedecendo, quando necessário, às antigas regras gramaticais, mesmo porque, a tentativa de mudar o velho hábito, bem podia incorrer em danos maiores. Como o prazo para adaptação ainda está distante de vencer, preferi assim.
A personalidade do protagonista principal, Simba, foi extraída de um homem trabalhador, ganancioso e determinado, que elegeu o poder e a riqueza como objetivo principal de sua vida, em detrimento dos sábios ensinamentos cristãos ministrados por sua mãe. Lutou e sofreu honestamente para conseguir seu intento e foi sanguinário para não perdê-lo. No fim, mais uma comprovação de que o crime não compensa, que a riqueza constitui um grande perigo para a paz e a salvação das pessoas e que sempre é tempo para recomeçar.
A história, no que se refere aos acontecimentos narrados, nada tem de real, embora o real, ao longo da Transamazônica, tenha exatamente as feições do fictício aqui narrado.
Qualquer similaridade com o protagonista, ou coadjuvantes citados no livro, advém da realidade que, ainda hoje, campeia na Amazônia. Mortes acontecem diariamente por lá, todas hasteadas na ganância de alguns e na incitação de outros, manipulados por organizações escusas, quase sempre transvestidas de boas intenções. Ora em nome da proteção ambiental, ora dos valores morais, ora dos ensinamentos religiosos, as maiores atrocidades acontecem na Amazônia. Nada mais fácil do que incitar, ou iludir, um homem pobre e sem capacidade para medir a conseqüência de seus atos.
Na verdade, outros Simbas aparecerão ao longo da Transamazônica, atraídos pela facilidade que se tem de usufruir as riquezas naturais da maior reserva de floresta equatorial do mundo. Infelizmente, apenas quando as matas estiverem substituídas por pastarias; quando os galos cantarem no lugar dos inhambus e os latidos de cães substituírem os esturros das onças, aí sim, os forjados responsáveis pela preservação do ambiente montarão, interesseiramente, esquemas milionários para tentar defender os juquirões. Assim sempre foi e assim sempre será, porque feliz ou infelizmente, somos descendentes da escória portuguesa, filhos do Brasil.
Simba
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