Os dias 30 e 31 de Agosto de 1981 agitaram algumas das zonas do concelho da Ribeira Grande em Santo Antão, Cabo Verde. A contestação popular à discussão do projecto da lei de bases da Reforma Agrária esteve na origem de atribulações, distúrbios, episódios picarescos e algumas prisões. Embora o título nos leve a pensar em ficção, o autor não faz mais do que contar o relato oficial dos acontecimentos, a história dessa contestação que acabou em julgamento dos envolvidos e participantes, socorrendo-se do que foi dito nos tribunais e das declarações das testemunhas. Mas será que Germano Almeida se limita à simples narração dos factos? O leitor ficará surpreendido pela forma como ele transforma esta sucessão de eventos numa prosa fluida, rica de cor e movimento, perpassada de um irresistível humor nascido das palavras dos protagonistas e de situações quase diríamos rocambolescas. E à medida que avançamos na leitura, percebemos cada vez melhor a exclamação de um dos intervenientes, «que trazia as calças arregaçadas, tinha uma faca na mão e estava com o aspecto de quem queria matar»: «Hoje é dia de calças roladas.»
O Dia das Calças Roladas
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