Em "Sobrados e Mucambos", Gilberto Freyre analisa a decadência do patriarcado rural e o desenvolvimento do urbano, no período compreendido entre o final do século XVIII e a primeira metade do XIX.
Como Casa-Grande & Senzala, a obra estuda o passado do povo brasileiro "através de seus estilos de residência e a sua influência sobre a vida e o caráter do mesmo povo", pois casa, no Brasil, é também, "como Gilberto Freyre demonstra em sua obra, escola, igreja, banco, partido político, hospital, casa comercial, hospício, local de diversão, parlamento, restaurante, e o que mais se queira", segundo a observação de Roberto DaMatta.
Por certo também teatro, no sentido usado por Calderón de la Barca - o grande teatro do mundo -, com os seus conflitos familiares, as práticas sexuais, o relacionamento de senhores e escravos, os raptos de iaiás, vaidades e orgulhos de famílias, muitas delas gabando-se de uma discutível pureza racial. Cenário ideal para a afirmação social do bacharel e do mulato, uma das características mais marcantes do período, de acelerada transformação social, em contraste com a época estudada em Casa-Grande & Senzala, segundo Freyre "uma quase maravilha de acomodação".
A obra repete as mesmas deliciosas ousadias de estilo de Casa-Grande & Senzala e utiliza os mesmos recursos de se documentar em fontes até então menosprezadas pelos estudiosos (velhos cadernos de anotações, livros de culinária, anúncios de jornais).
A versão definitiva de Sobrados e Mucambos, como a conhecemos, foi composta em duas etapas: o texto da primeira edição, lançada em 1939, e os "acréscimos substanciais" e cinco capítulos novos incorporados à edição de 1951.
A presente edição, em bela apresentação gráfica, ilustrada a cores, vem enriquecida com um excelente prefácio de Roberto DaMatta.
Sobrados e mucambos
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