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    Terra sonâmbula

    Por Mia Couto
    Existem 14 citações disponíveis para Terra sonâmbula

    Sobre

    Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992. O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os "cadernos de Kindzu", o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga, e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra. Terra Sonâmbula - considerado por júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX e agora reeditado no Brasil pela Companhia das Letras - é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Couto se vale também de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.
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    Citações de Terra sonâmbula

    As ideias, todos sabemos, não nascem na cabeça das pessoas. Começam num qualquer lado, são fumos soltos, tresvairados, rodando à procura de uma devida mente.

    Aquela noite lhe dera a certeza: os sonhos são cartas que enviamos a nossas outras, restantes vidas.

    A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder. Seu veneno circulava agora em todos os rios da nossa alma. De dia já não saíamos, de noite não sonhávamos. O sonho é o olho da vida. Nós estávamos cegos.

    Eu gosto de homens que não tem raça. É por isso que eu gosto de si, Kindzu.

    “não inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes matar. Uma pólvora que, em avessos serviços, gerasse mais vida. E do homem explodido nascessem os infinitos homens que lhes estão por dentro”.

    A morte, afinal, é uma corda que nos amarra as veias. O nó está lá desde que nascemos. O tempo vai esticando as pontas da corda, nos estancando pouco a pouco.

    Seria preciso esperar séculos para que cada homem fosse visto sem o peso da sua raça.

    Afinal, em meio da vida sempre se faz a inexistente conta: temos mais ontens ou mais amanhãs?

    Porque o amor é esquivadiço. A gente lhe monta casa, ele nasce no quintal.

    — Por que estás tão reduzido, filho? — É que trago um desgosto de mulher. — Isso não tem remédio, filho. Eu sei muito bem. Porque eu vivi num tempo em que o amor era uma coisa perigosa. Tu vives num tempo em que o amor é uma coisa estúpida.

    Aquele momento confirmava: o melhor da vida é o que não há-de vir.

    Algumas belezas, em mulher se tratando, nascem depois da meninice. São essas as mais luaminosas.

    Deviam viver há vários dias, presenciadas as trouxas e fogueiras espalhadas em múltiplas desordens. Mal

    Nas ondas estão escritas mil estórias, dessas de embalar as crianças do inteiro mundo.

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