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    Germinal

    Por Émile Zola
    Existem 14 citações disponíveis para Germinal

    Sobre

    Fundador e principal autor do naturalismo literário, Émile Zola levou a descrição realista a extremos de crueza, especialmente na denúncia das condições de trabalho da classe operária do século XIX. A estética naturalista do escritor, inspirada na filosofia positivista e na medicina da época, partia da convicção de que a conduta humana é determinada pela herança genética, pela filosofia das paixões e pelo ambiente. Germinal (1885) é universalmente considerada a obra-prima do autor. Foi a partir de Germinal - descrição das condições de vida subumanas numa comunidade de mineiros - , que Zola começou a destacar os elementos de opressão social como responsáveis pela paralisação moral da humanidade. Germinal é um romance poderoso escrito por um autor poderoso.
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    Citações de Germinal

    Incendeiem as cidades, ceifem os povos, arrasem tudo, e, quando não sobrar mais nada deste mundo podre, talvez nasça outro melhor dos escombros.

    Só tenho uma idéia, um pensamento que faz pulsar meu coração: unidos, destruiremos a burguesia.

    Aumentar o salário, como? Ele está fixado pela lei de bronze na menor soma indispensável, exatamente no necessário para os operários poderem comer pão seco e fabricar filhos… Se cai muito baixo, os operários morrem e a procura de novos homens faz que ele suba. Se sobe muito alto, o excesso de oferta faz que baixe. É o equilíbrio das barrigas vazias, a condenação perpétua à escravidão da fome.

    — Todos os raciocínios sobre o futuro são criminosos porque impedem a destruição pura e entravam a marcha da revolução.

    Queria voltar a descer na mina para sofrer e combater; pensava com ódio nessas pessoas de quem falava Boa-Morte, nesse deus repleto e acocorado ao qual dez mil famintos davam sua carne sem nunca o terem visto.

    Homens brotavam, um exército negro, vingador, que germinava lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do século futuro, cuja germinação não tardaria em fazer rebentar a terra.

    — Explica-te, homem. Qual é a finalidade de vocês? — Destruir tudo… Exterminar as nações, os governos, a propriedade, Deus e o culto. — Estou entendendo. Mas a que leva isso? — À comuna primitiva e sem forma, a um mundo novo, ao começo de tudo. — E os meios de execução? Como é que vocês vão fazer? — Pelo fogo, pelo veneno, pelo punhal. O salteador é o verdadeiro herói, o vingador popular, o revolucionário em ação, sem frases tiradas dos livros. E preciso que uma série de horríveis atentados aterre os poderosos e acorde o povo. Falando, Suvarin transformava-se, ficava terrível. Em êxtase, erguia-se da cadeira, uma chama mística incendiava-lhe os olhos pálidos e suas mãos delicadas comprimiam a borda da mesa a ponto de quebrá-la.

    Desprezava os discursadores, os astutos que entram na política como quem entra na advocacia, para ganhar dinheiro com a retórica.

    — Vejamos o que tu dizes disso — repetiu Etienne virando-se para Suvarin. Este respondeu com a sua habitual palavra depreciativa: — Greves? Ora, besteiras! Em seguida, em meio ao silêncio ressentido que se armara, acrescentou brandamente: — Em suma, não digo que não, se isso os diverte. Vai arruinar alguns, matar outros, é sempre uma limpezinha… Só que nesse ritmo gastaremos mil anos para renovar o mundo. Por que não começam fazendo explodir esse calabouço onde todos vocês deixam a pele?

    —  Fiz, sim, senhor. E tu sabes como tenho confiança em Pluchart! É leal e sabe muitas coisas, a gente pode contar com ele… Mas as idéias de vocês não me interessam. Política, governo, tudo isso não me interessa… Desejo apenas que o mineiro tenha um tratamento mais digno. Trabalhei no fundo da mina durante vinte anos suei tanto de miséria e cansaço que jurei conseguir uma vida melhor para os infelizes que ainda estão lá embaixo. Sei muito bem que nada obterão com essas histórias de vocês, o que farão é apenas tornar a vida do operário ainda mais miserável. Quando ele for obrigado pela fome a voltar ao trabalho, será mais humilhado ainda, a companhia o receberá a porrete, como cão fugido que se faz voltar ao canil. E é isso que eu quero evitar, compreendeste?

    Houve um momento em que era capaz de acabar contigo, depois de todas aquelas mortes. Mas refleti e acabei dando-me conta de que, afinal, ninguém tem culpa… Não, não tens culpa, a culpa é de todos. Começou a falar com toda a tranqüilidade dos seus mortos, do seu homem, de Zacharie, de Catherine; só quando pronunciou o nome de Alzire lhe vieram lágrimas aos olhos. Voltara à sua calma de mulher sensata, julgando muito sabiamente as coisas. Nada de bom resultaria para os burgueses com a matança de tantos pobres. Certamente seriam castigados um dia, porque tudo se paga. Nem teriam necessidade de intervir; a coisa estouraria sozinha, os soldados atirariam nos patrões, como tinham atirado nos operários. E na sua resignação secular, nessa disciplina hereditária que a curvava de novo, surgia um resultado: a certeza de que a injustiça não podia continuar durando, e de que, se Deus estava morto, nasceria outro para vingar os miseráveis.

    Pouco a pouco os caminhos desertos povoavam-se; mineiros passavam continuamente por Etienne, macilentos, silenciosos. Dizia-se que a companhia tripudiava deles. Após dois meses e meio de greve, vencidos pela fome, quando voltaram às minas tiveram de aceitar a tarifa do revestimento, essa baixa disfarçada de salário, odiada por todos, ensangüentada pelo sacrifício de tantos companheiros. Roubavam-lhes uma hora de trabalho, faziam que faltassem ao juramento de não se submeterem, e esse perjúrio imposto ficava-lhes atravessado na garganta, como um bolsão de fel. O trabalho tinha recomeçado por toda parte, em Mirou, Madeleine, Crèvecoeur, Victoire… Por toda parte, na bruma da manhã, ao longo dos caminhos envoltos em trevas, filas de homens caminhavam de cabeça baixa, como um rebanho dirigindo-se para o matadouro.

    Agora, em pleno céu, o sol de abril brilhava em toda a sua glória, aquecendo a terra que germinava. Do flanco nutriz brotava a vida, os rebentos desabrochavam em folhas verdes, os campos estremeciam com o brotar da relva. Por todos os lados as sementes cresciam, alongavam-se furavam a planície, em seu caminho para o calor e a luz. Um transbordamento de seiva escorria sussurrante, o ruído dos germes expandia-se num grande beijo. E ainda, cada vez mais distintamente como se estivessem mais próximos da superfície, os companheiros cavavam. Sob os raios chamejantes do astro rei, naquela manhã de juventude, era daquele rumor que o campo estava cheio. Homens brotavam, um exército negro, vingador, que germinava lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do século futuro, cuja germinação não tardaria em fazer rebentar a terra.

    Mas tu não tens medo? — perguntou Etienne. Jeanlin encarou-o admirado. — Medo de quê? Estou completamente sozinho…

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