"Quando no dia 10 de Junho de 1580, Luís de Camões expirava em Lisboa, na mais completa miséria, ao desamparo de todos, abandonado até de si mesmo, se alguém lhe dissesse que ele só morria para ficar imortal, talvez que o Poeta, esmagado como o Gladiador pelo seu próprio destino, sem que no vasto Anfiteatro uma voz, um gesto, um olhar, pedisse compaixão para ele, afastasse com indiferença essa esperança de uma vida que não é mais do homem, mas tão-somente do seu gênio e da sua obra.
Entretanto, senhores, por mais que a consciência transforme numa tragédia pessoal cada um dos nossos sofrimentos, que aos olhos de um espectador desinteressado que abrangesse o interior de todas as almas, não pareceriam mais dramáticos do que a queda silenciosa da ave ferida no vôo, o que são todos os infortúnios reais e verdadeiros do Poeta, comparados à glória que nos reúne a todos, trezentos anos depois da sua morte, em torno da sua estátua?(...)"
Entretanto, senhores, por mais que a consciência transforme numa tragédia pessoal cada um dos nossos sofrimentos, que aos olhos de um espectador desinteressado que abrangesse o interior de todas as almas, não pareceriam mais dramáticos do que a queda silenciosa da ave ferida no vôo, o que são todos os infortúnios reais e verdadeiros do Poeta, comparados à glória que nos reúne a todos, trezentos anos depois da sua morte, em torno da sua estátua?(...)"