"Literatura é liberdade", afirmou Susan Sontag pouco mais de um ano antes de sua morte, em 2004. A frase hoje soa como justificativa para toda uma vida de compromisso com o amor à literatura e um ferrenho ativismo político. Ao mesmo tempo reúne os últimos textos da ensaísta e romancista que nunca aceitou separar a estética da ética.
O turbulento início do século XXI ajudou a autora a se manter fiel até o fim ao espírito de contestação que ela manifestou ao se tornar conhecida, nos anos 1960. Nas páginas de Ao mesmo tempo, os ensaios literários são obrigados a conviver com textos de intervenção pública escritos no calor dos acontecimentos.
Destaca-se a lucidez de Sontag diante dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e da prática de tortura na prisão de Abu Ghraib, no Iraque. Mas essa incessante vigilância política nada tinha de antiamericanista. Ao contrário, ela manifesta o amplo cosmopolitismo que a autora declara ter aprendido com a literatura. Para Sontag, seu modo crítico de ser uma cidadã americana lhe assegurava também a cidadania plena na sua almejada "república internacional das letras".