Quem escrupulosamente analisasse o "Auto de Gil Vicente", talvez encontraria alguns defeitos, depararia com algumas cenas menos dramáticas, com falta de nexo e ligação entre estas; mas quanto acima destes pequenos descuidos transluz a pureza do estilo e a linguagem tão limada e portuguesa; melodiosa música soando a nossos ouvidos quase esquecidos dela! Quanto não são para admirar os pensamentos finos e delicados, os ditos jocosos que esmaltam esta comédia! Não tem a força dos conceitos, o esplendor das ideias de Vítor Hugo; carece talvez do enredo forte e arrebatador de Alexandre Dumas, porém enxergamos neste drama a perfeição e interesse de Casimir Delavigne, a agudeza e engenhosa crítica de Molière. Não é raio lançando um clarão que cega e desaparece, mas sim mimoso brilho, plácida luz em que os olhos descansam gostosos.
Um Auto de Gil Vicente
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