Com Cancioneiro, a L± dá continuidade à publicação da obra de Fernando Pessoa, que já conta com Mensagem, Odes de Ricardo Reis, Poemas de Alberto Caeiro, Poemas de Álvaro de Campos e Poesias, todos em formato de bolso.
Esta edição, organizada por Jane Tutikian, apresenta ao leitor os poemas assinados por Fernando Pessoa com seu próprio nome e que foram publicados esparsamente em periódicos. A escolha de ?cancioneiro? para este conjunto de poemas líricos, rimados e metrificados, de forte influência simbolista, não é aleatória: cancioneiro é o nome dado ao conjunto de poesias líricas medievais, portuguesas ou espanholas, fortemente ligadas à música, ao canto e à dança. As poesias do Cancioneiro pessoano, por sua vez, estão ligadas à tradição lírica portuguesa, também têm um ritmo e uma métrica com grande musicalidade.
Nesta antologia, que reúne mais de 150 poemas, se destaca uma das suas mais famosas criações, ?Autopsicografia?, que começa com os seguintes versos: ?O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente?. O breve poema sintetiza a relação poeta/poema, separação que caracteriza a lírica moderna. Esta problemática acompanha quase que a totalidade da obra pessoana, na qual fica difícil identificar até onde vai o autor, a vida e a obra. Pessoa não teve uma história que se possa contar: teve várias, personificadas nas vozes dos seus heterônimos como Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos, citando apenas os mais conhecidos.