Paulo Bomfim impôs-se a tarefa de selecionar alguns poemas. Chegou a 63 deles. Como será difícil escolher, ou reler, o que talvez nem se acarinhe mais! Entretanto, estes 63 textos estão aqui como uma espécie de revelação. E o número ? acidental ? trouxe à sua lembrança data muito importante: no ano de 1963, Bomfim era eleito para a Academia Paulista de Letras. Ou seja, antes dos 40 anos, partilharia o peso da tradição acadêmica ? e nem metade de sua obra existia ainda. Por isso, depois de 1963, ganha a APL e ganhamos nós. Se Antônio Triste e Armorial já se elevavam à imortalidade do autor, as obras vindouras trariam consigo um senso estético ainda mais apurado e, sobretudo, a paradoxal liberdade de manter-se em aparente prisão na forma fixa dos sonetos. Eis um poeta na modernidade: sem arruído, Paulo Bomfim mostrará, cada vez mais, que sua lírica não é só expressão individual, ela existe porque adquire participação no todo universal. Veja-se como, nestes 63 poemas, Bomfim mergulha na individualidade da alma, no tempo que escoa, na casa perdida, nas ruas morrendo.
É para melhor dizer aquilo que a convenção insiste em acorrentar: como é duro viver a herança sobre os ombros. Todos estes poemas selecionados (E há lugar melhor do que a própria escolha do poeta?) dirão isso. Cada um a seu modo, eles nos mostram que só entende a lírica aquele que ler nela a voz da humanidade. Afinal, quem não é prisioneiro, menino ou homem? Por isso é que a poesia (aparentemente) bem-comportada de Paulo Bomfim é libelo da mais pura ideologia: ?Fomos feitos de imagem, e as primeiras/Das causas nesta luta hoje evocamos?. Acima de tudo, sua obra protesta contra a opressão ambígua de todos os legados (dos bandeirantes às cidades mortas) para lamentar: ?Das origens só restou/O sigilo das candeias.? Ainda bem que, aqui, 63 candeias nos iluminam.
É para melhor dizer aquilo que a convenção insiste em acorrentar: como é duro viver a herança sobre os ombros. Todos estes poemas selecionados (E há lugar melhor do que a própria escolha do poeta?) dirão isso. Cada um a seu modo, eles nos mostram que só entende a lírica aquele que ler nela a voz da humanidade. Afinal, quem não é prisioneiro, menino ou homem? Por isso é que a poesia (aparentemente) bem-comportada de Paulo Bomfim é libelo da mais pura ideologia: ?Fomos feitos de imagem, e as primeiras/Das causas nesta luta hoje evocamos?. Acima de tudo, sua obra protesta contra a opressão ambígua de todos os legados (dos bandeirantes às cidades mortas) para lamentar: ?Das origens só restou/O sigilo das candeias.? Ainda bem que, aqui, 63 candeias nos iluminam.