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    Todos nós adorávamos caubóis

    Por Carol Bensimon
    Existem 8 citações disponíveis para Todos nós adorávamos caubóis

    Sobre

    Cora e Julia não se falam há alguns anos. A intensa relação do tempo da faculdade acabou de uma maneira estranha, com a partida repentina de Julia para Montreal. Cora, pouco depois, matricula-se em um curso de moda em Paris. Em uma noite de inverno do hemisfério norte, as duas retomam contato e decidem se reencontrar em sua terra natal, o extremo sul do Brasil, para enfim realizarem uma viagem de carro há muito planejada. Nas colônias italianas da serra, na paisagem desolada do pampa, em uma cidade-fantasma no coração do Rio Grande do Sul, o convívio das duas garotas vai se enredando a seu passado em comum e seus conflitos particulares: enquanto Cora precisa lidar com o fato de que seu pai, casado com uma mulher muito mais jovem, vai ter um segundo filho, Julia anda às voltas com um ex-namorado americano e um trauma de infância.

    Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel de um tipo peculiar; as personagens vagam como forasteiras na própria terra onde nasceram, tentando compreender sua identidade. Narrada pela bela e deslocada Cora, essa viagem ganha contornos de sarcasmo, pós-feminismo e drama. É uma jornada que acontece para frente e para trás, entre lembranças dos anos 1990, fragmentos da vida em Paris e a promessa de liberdade que as vastas paisagens do sul do país trazem. Um western cuja heroína usa botas Doc Martens.

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    Citações de Todos nós adorávamos caubóis

    Paris era o cenário perfeito para uma história que não estava acontecendo.

    Dos acertos faziam parte os erros, e eu não me importava de chorar pelas coisas que eu havia escolhido, porque, por mais dura que fosse a queda, sobrava a sensação de que até elas tinham lá sua beleza. Mas minha mãe sempre tivera mais medo da vida do que devoção à vida.

    Era realmente devastador chegar atrasada na minha própria vida pessoal.

    Caminhar de noite. Talvez fosse por isso que tantos brasileiros deixassem seu país, trocando empregos de diplomados por cozinhas e canteiros de obra, e para o diabo com os apartamentos pequenos que teriam de encarar, para o diabo com a família distante, para o diabo com o salário sem sobras, nós só queríamos ter o simples prazer de caminhar à noite.

    Eu, ao contrário, queria continuar acumulando as chances, até que elas fossem mais do que chances, ou do que uma pilha de ambiguidades, ou do que duas identidades sexuais meio instáveis que um dia podem porventura se cruzar por aí e produzir uma dessas histórias de que você se lembrará por toda a sua vida, mas que com muita rapidez viram uma espécie de autoafirmação de que sua juventude foi uma juventude completa, dias loucos, doces e cheios de aventura, puxa, que fase!, apenas isso, essa memória açucarada, e a convicção de que, no fim das contas, quando aquela coisa parecida com o amor estava em curso, você já tinha certeza de que evocá-la anos depois amenizaria a calma e a previsibilidade a que seus dias estavam infelizmente destinados. Talvez fosse essa a serventia de todas aquelas confusões.

    Este é o problema da moda: você depende dos outros. Se eles não entenderem a mensagem, todos os seus esforços vão por água abaixo.

    quando uma coisa dessas se repete tanto assim, com variações mínimas, é natural que se compacte tudo em uma única memória poderosa, cujo cenário é determinado de modo aleatório — basta ter acontecido uma única vez no lugar em questão —, enquanto sua carga dramática vem da soma de todas as noites que acabaram nos levando à ideia da viagem, mais o número de anos que nos separam daquelas noites.

    todas as cidades do interior precisam se autoproclamar capital de alguma coisa,

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