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    No limiar do século XX: Coleção Mar de histórias v.8 (Mar de histórias : antologia do conto mundial)

    Por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira

    Sobre

    A Coleção Mar de Histórias: antologia do conto mundial é composta por 10 volumes independentes que contém, nada menos, que 239 contos, de 192 autores escolhidos entre os melhores de 41 países. A expressão Mar de Histórias foi tirada do título, em sânscrito, Kathâsaritsâgara, de uma antiga coletânea da Índia, do século XI. A sua tradução significa isso mesmo: ?mar formado pelos rios de histórias?. A obra foi organizada há mais de quarenta anos por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai, dois dos maiores tradutores e estudiosos da Literatura Mundial em todos os tempos e gêneros.

    Após o leitor haver encontrado, nos sete volumes precedentes, diversos espécimes da pré--história do conto moderno, aqui finalmente entra em contato com a safra dos primeiros anos do século XX. Era impossível que muitos deles não refletissem a ansiedade que, após as ilusões otimistas do século XIX, começava a apoderar-se de muitos espíritos e seria plenamente justificada por duas guerras mundiais. Sob esse ponto de vista, convém assinalar ?O tenente Gustl?, do vienense Arthur Schnitzler, que, relatando um incidente corriqueiro, desmascara o militarismo e a hipocrisia do Império Austro-Húngaro. Nos dois breves relatos do misterioso Rafael Barrett perpassa um vento do anarquismo. Nos amigos que jogam sua partida diária de cartas em ?O grande slam?, do russo Leonid Andreiev, é difícil não ver as vítimas predestinadas da próxima catástrofe. Em ?Na paz do Natal?, do dinamarquês Johannes Vilhelm Jensen, é mostrado o desencadeamento de instintos malsopitados.

    Dois contos de temática histórica intensificam a impressão de insegurança: o sueco August Strindberg, ao evocar, em ?O império milenar?, a atmosfera de terror do primeiro milênio, parece aludir às ameaças do segundo, e Ricarda Huch, em ?O cantor?, protótipo da grande novela alemã, conta um episódio macabro da corte de Inocêncio X, exemplo convincente da fragilidade da justiça humana.

    As demais histórias do volume não deixam transparecer a inquietação da época, mas merecem atenção por outros motivos. A grande tradição do conto francês revive no irônico ?Putois?, de Anatole France, na página lírica de Francis Jammes e na crônica arcaizante de Jules Lemaître. Um assunto migrante da literatura internacional é retomado em ?O assassinato do mandarim?, do inglês Arnold Bennett.

    Três literaturas europeias pouco divulgadas são representadas pelas obras do polonês Zygmunt Niedzwiecki, do esloveno Ivan ?ankar e do húngaro Ferenc Molnár, cujo ?Conto de ninar?, adaptado ao teatro, daria origem à peça Líliom, mundialmente famosa.

    A América não ficou esquecida. O uruguaio Javier de Viana e o mexicano Ernesto Montenegro aparecem cada um com uma narrativa. A seu lado estão reproduzidos o famoso ?Os pombos?, de Coelho Neto, e ?Trezentas onças?, amostra característica da arte de contar do gaúcho Simões Lopes Neto. Figuram também o norte-americano O. Henry, mestre do conto de tipo maupassantiano, com ?O quarto mobiliado?, peça recorrente em todas as antologias, e o humorista canadense Stephen Leacock, com dois escritos engraçados.

    O Oriente aponta em duas narrativas do estranho Lafcadio Hearn, meio norte-americano, meio europeu, que se fez completamente japonês, e em ?A morte da mulher do atirador de facas?, de Naoya Shiga, que representa o espírito analítico na literatura do Japão.

    Como se vê, é grande a variedade dos contos enfeixados neste volume, o que não os impede de terem em comum o interesse literário.

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