Primo Levi é conhecido em todo o mundo por ser o autor de alguns dos mais importantes relatos autobiográficos sobre os campos de concentração de Auschwitz, em livros como É isto um homem?, A trégua e Afogados e sobreviventes.
Em A chave estrela (1978), Levi cria um personagem que, em vez de estar submetido aos trabalhos forçados de um campo de extermínio, viaja pelo mundo construindo imensas instalações. Faussone, o protagonista que narra suas aventuras de operário especializado em montagens, transforma suas experiências cotidianas em verdadeiras epopeias do trabalho: seu engenho, sua habilidade e sua força fazem lembrar o herói de Homero ou Hércules em seus doze trabalhos.
Escrito em um estilo que se aproxima da oralidade, com digressões, idas e vindas, as histórias de Faussone também conferem uma dimensão concreta a um mundo cada vez mais dominado pela virtualidade da vida contemporânea: o trabalho com a matéria bruta.
O embate ancestral entre o homem e a natureza, trazido para os dias de hoje, é o ponto central deste romance, que restitui com uma extrema habilidade narrativa as maravilhas que os homens são capazes de fazer, mesmo em tempos de destruição.