"A obra-prima de Eça de Queirós, Os Maias, publicada em 1888, é uma das mais importantes de toda a literatura narrativa portuguesa. Vale principalmente pela linguagem em que está escrita e pela fina ironia com que o autor define os caracteres e apresenta as situações. É um romance realista (e naturalista) onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional. Esta obra é um retrato da sociedade contemporânea do autor, onde os valores que os nobres e pessoas de alta sociedade querem fazer transparecer são fachadas para as mais inacreditáveis situações. A educação exemplar de Carlos da Maia não o impediu de decair numa rua do Chiado. A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda. Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país (a nível político e cultural) e à alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens.Eça de Queiroz foi impreciso e modesto ao dar a Os Maias o subtítulo ""episódios da vida romântica"". Na verdade, o seu mais famoso romance é uma tragédia, tal como a entendia Sófocles quando, já na maturidade, compôs o seu Édipo. Uma tragédia burguesa pois que lá está a grave transgressão moral, cometida em completa inconsciência por seus dois personagens centrais ? Carlos Eduardo e Maria Eduarda Da Maia, ambos irmãos, apaixonados e incestuosos ambos, e belos e trágicos."
Os Maias
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