De sua sacada no Hotel Metropol, Federico (Nietzsche), que reaparece em uma época contemporânea com suas velhas dúvidas e culpas, interroga Federico (Nietzsche) que está em outra sacada. É Carlos Fuentes, ele mesmo, que, de sua sacada, interroga o Carlos Fuentes que aparece em outra. Entre os dois há espelhos que os refletem e que refletem as eras. Carlos Nietzsche e Federico Fuentes conversam sobre o poder, o amor e a justiça enquanto vão dando entrada a extravagantes e paradigmáticos personagens no palco de uma revolução em que rolarão cabeças. Assim é a história da ambição humana, da intriga pelo poder, do delírio que leva ao crime, da bastardia da traição, porque o poder implica fios manejados atrás de bambolinas, domínio sobre o outro.
Fuentes joga com as identidades. Até seus nomes refletem a irônica concepção dos personagens. Os pontos de vista convertem a trama num autêntico labirinto. Paralelamente, desdobram-se as ideias de Nietzsche sobre o eterno retorno ou a defesa da violência. O tempo é cíclico, e até nos processos revolucionários se sucedem fatos paralelos. E em que se converte a revolução? Em fumaça, poeira, névoa, martelos, correntes, rodas... Gente afogada tirada do rio e atirada na fossa coletiva. Cadáveres usados para praticar tiro ao alvo, cadáveres com cravos nos pés e nas mãos, ?como Cristos sem nome nem santidade?.