Se natureza e cultura estão cartesianamente separados entre nós ocidentais, no campo da imaginação essa distância não é tão grande: nos contos, crônicas e romances os bichos são presença constante, seja representando o nosso papel ou apenas o deles mesmos.
Em ?Do amor aos bichos?, por exemplo, Vinicius reverencia as galinhas e as vacas, animais que ?vivem de dar, e dão tudo o que têm, transformando-se num número impressionante de utilidades?. Já Kafka, em ?O abutre?, fala de um homem que, de modo trágico e fantástico, se deixa torturar por uma ave. ?O rouxinol?, de Andersen, por sua vez, é farto de lirismo; e em ?Ideias de canário?, Machado apresenta um pássaro astuto dado à filosofia.
Organizados cronologicamente pela data de nascimento dos autores, os textos nos mostram que há muito tempo os animais são assíduos em nossas vidas, servindo de matéria rica e variada para a literatura.