A cidade do Rio de Janeiro, com seu charme, encantos, malemolência, dramas explícitos ou difusos, é o personagem central de Lábios africanos, Opus 17, novo romance de Esdras do Nascimento. De que falam as mulheres quando se reúnem nos botecos e restaurantes? Bonitas ou feias, bem sucedidas ou fracassadas, sonham com amores incríveis, filhos, amantes, eventos, jantares, viagens. A advogada Júlia Beatriz, encantadora, bem relacionada, sem problemas, sofre porque se entusiasma com facilidade pelos parceiros, mas não consegue amar ninguém. Distrai-se tendo casos dentro do automóvel na garagem do prédio onde mora. Arrepende-se depois, sofre, angustia-se. O que fazer da vida? Montezuma, excêntrico e sedutor saxofonista do Quinteto do Largo do Machado, cortejado pela mídia e disputado pelas mulheres, imagina-se vítima de preconceito racial, embora não seja negro, droga-se, é esbofeteado pela mãe dominadora, uma mulata fantástica que se orgulha de tê-lo sustentado com o que ganhou na cama. O drama do rapaz que descobre ser gay. A menina sonhando em ser atriz de novela. O psicanalista místico buscando a transcendência e atendendo de costas aos pacientes, braços abertos, voltado para a parede. Como se produz uma novela de tevê. Dramas, tragédias, bom humor. Lábios africanos, Opus 17 inscreve-se na tradição do melhor romance urbano brasileiro, onde pontificaram Machado de Assis, Lima Barreto, Manuel Antônio de Almeida, Aluísio de Azevedo e Marques Rebelo. É um caleidoscópio que recria, em sofisticado nível literário, encontros e desencontros afetivos, tudo o que poderia acontecer de sórdido ou de maravilhoso numa cidade místico-erótico-burocrática como o Rio de Janeiro.
Lábios Africanos, Opus 17
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