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    O irmão alemão

    Por Chico Buarque
    Existem 11 citações disponíveis para O irmão alemão

    Sobre

    O irmão alemão, o novo livro de Chico Buarque: um romance em busca da verdade e dos afetos.

    O autor já publicou os romances Estorvo, Benjamim, Budapeste e Leite derramado que lhe renderam três prêmios Jabuti e venderam quase um milhão de exemplares, ficando por meses nas listas de livros mais vendidos do país. Ele também é autor de peças como Roda viva e Ópera do malandro. A narrativa de Chico se faz mais daquilo que escorre entre as palavras, do que com as verdades que elas costuram. [...]

    - ?Ele está entre os grandes narradores brasileiros contemporâneos?.
    José Castello, O Globo'

    - ?Notória habilidade com a palavra.?
    O Popular

    - ?Torna-se já reconhecível um certo modo de narrar, uma base de estilo que empresta personalidade.?
    Estadão

    - ?Não há nenhuma palavra mal escolhida, nenhuma frase fora de ritmo, nenhum parágrafo a que falte estrutura ou concatenação, nenhum capitulo que não acabe no momento certo.?
    Folha de S. Paulo

    - ?Com o avançar das páginas, envolvemo-nos na procura alucinante.?
    O Globo

    - ?Uma bela obra desse autor que, como fez seu pai, pensa tão bem as raízes do Brasil. Pela ficção.?
    Revista Cult

    - ?Chico Buarque criou o equivalente contemporâneo de Bibliomania, de Flaubert, ou de Auto-de-fé, de Elias Canetti.?
    A Tribuna
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    Citações de O irmão alemão

    Mas com a idade nos tornamos maus fisionomistas, talvez devido ao acúmulo de fisionomias nas retinas, e não há cara nova que não nos lembre alguém remotamente.

    Há algo de erótico em separar dois livros apertados, com o anular e o indicador, para forçar a entrada de O Ramo de Ouro na fresta que lhe cabe.

    Até então, para mim, paredes eram feitas de livros, sem o seu suporte desabariam casas como a minha, que até no banheiro e na cozinha tinha estantes do teto ao chão.

    vi por toda a pele as manchas e fendas com que o tempo se vinga da beleza humana.

    Asa de inseto, nota de dez mil-réis, cartão de visita, recorte de jornal, papelzinho com garranchos, recibo da farmácia, bula de sonífero, de sedativo, de analgésico, de antigripal, de composto de alcachofra, há de tudo ali dentro. E cinzas, sacudir um livro do meu pai é como soprar um cinzeiro.

    A vida não passa de uma longa perda de tudo o que amamos, disse Victor Hugo.

    A fim de melhor marcar presença eu geralmente levava de casa um volume de Das Kapital, e encostado na parede fingia ler Karl Marx em alemão, enquanto os líderes estudantis se digladiavam na frente da sala.

    Pois ainda que meu pai aprenda todas as línguas e devore todas as bibliotecas do mundo, talvez seja incapaz de concluir a grande obra da sua vida enquanto não suprir essa pequena ignorância dentro dele.

    E no viaduto do Chá uns rapazes com brilhantina nos cabelos pegaram a me hostilizar: provocador!, safado!, comunista! Fecharam meu caminho, me acuaram contra a balaustrada do viaduto, e só então atinei com o livro na minha mão, o segundo volume do Das Kapital, que imediatamente larguei no chão e me pus a espezinhar. Foi quando julguei ouvir uma fuzilaria, mas eram rojões lá para os lados da Sé, e no negrume do céu os fogos verde-amarelos me arrepiaram.

    Até então, para mim, paredes eram feitas de livros, sem o seu suporte desabariam casas como a minha, que até no banheiro e na cozinha tinha estantes do teto ao chão. E era nos livros que eu me escorava, desde muito pequeno, nos momentos de perigo real ou imaginário, como ainda hoje nas alturas grudo as costas na parede ao sentir vertigem.

    Mas segundo Rainer, nascido no número 20 da Greifswalder, praticamente em face do 212/213, desde que ele se entende por gente a antiga fábrica estava abandonada. Em compensação forneceu a Wolfgang Probst o telefone do seu primo Winfried, cameraman que deve ter trabalhado em estúdio com Sergio Günther.

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