O livro de José Mariano Beltrame trata com palavras francas e linguagem direta das várias complexidades de um tema que tem sido muito debatido e pouco entendido no Brasil. Ele alerta sobre o muito que ainda precisa ser feito para que o país enfrente a violência, diminua os erros e crimes policiais, acelere a Justiça e tenha um sistema penal que recupere os presos.
Seu grande mérito é mostrar que não há soluções fáceis nem super-heróis. Todavia o Rio tem uma história para contar que merece ser lida e entendida. O importante é ter em mente que, como em outros processos de avanço brasileiro – como o da estabilização da moeda há 20 anos –, não se podem aceitar retrocessos nem perder a noção do objetivo final. Até porque as UPPs, como o próprio autor do livro diz, são apenas a janela de oportunidade. – Miriam Leitão
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José Mariano Beltrame podia ser apenas mais uma presença efêmera na cadeira da Segurança Pública no Rio de Janeiro, afinal nenhum dos seus antecessores durou mais que três anos no cargo. José Mariano podia nunca ter se tornado o secretário Beltrame. Podia ter continuado na Polícia Federal, dedicando a vida a investigar complexos casos de tráfico internacional de drogas pelos quatro cantos do Brasil. Podia nunca ter saído de Santa Maria.
Mas ele estava trabalhando na Polícia Federal no Rio de Janeiro em 2006, quando a segurança pública passava por mais uma crise sem precedentes. Isso mudaria de forma radical a sua história e a da cidade em que escolheu morar.
Beltrame aceitou o desafio de assumir a Secretaria de Segurança e se tornou o mais conhecido – e duradouro – secretário de um estado marcado pela violência. Neste livro, ele divide experiências e angústias, revela bastidores dos momentos mais tensos no cargo e faz um relato minucioso da reunião que antecedeu a ocupação do Complexo do Alemão, em 2010.
Além disso, fala sobre o nascimento das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, que acabaram ficando conhecidas até mesmo fora do Brasil. A primeira delas, em 2008, surgiu da certeza de que era necessário desestabilizar o tráfico em seu próprio território. Uma decisão aparentemente simples, cuja implementação nunca tinha dado certo.
O livro traz as duras batalhas de Beltrame e de sua equipe no combate ao tráfico e às milícias. Relata diversos momentos de ocupações e de como a polícia teve de ser adaptada e aprimorada ao longo do processo. Por outro lado, não se furta a comentar assuntos mais sensíveis, como o futuro das ocupações nas favelas e as críticas à repressão nas recentes manifestações.
Ao contar sua história, José Mariano se revela um homem de caráter ímpar, com um comprometimento raro com a causa pública, algo a que os brasileiros estão muito pouco acostumados.
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