Mário Cláudio, em As Batalhas do Caia, parte de um conto inacabado de Eça de Queirós, «A catástrofe», desenvolvendo-o; e cruza-o com os últimos anos do próprio Eça, da sua lenta agonia à redenção. Eça, se tivesse concretizado o seu projecto, teria sido devastador e extremamente polémico: debruçar-se-ia sobre um país que morre lentamente de fadiga, minado pela doença, navegando ao sabor das boleias sucessivas que o mundo lhe deu. Sobrevivendo mas não vivendo em plenitude. O escritor contemporâneo Mário Cláudio resolveu construir uma ficção na qual figura, inclusive, o próprio Eça como personagem central. Mas se, em vida, Eça de Queirós não conseguiu jamais concretizar esse propósito, no romance de Mário Cláudio torna-se empreendimento que se vai realizando. O romance que ficou por cumprir, um livro sobre a miséria nacional, que perdera o sangue em Alcácer Quibir, e que não tinha encontrado soro para renascer do mundo dos sonhos e dos mitos. A Batalha do Caia seria o palco de uma invasão espanhola (que destruiria de vez o nosso angustiado e caduco sistema político, económico e social), que, depois de humilhar totalmente a Pátria, permitida a regeneração. Não feita através de valores cada vez menos portugueses, mas sim através da recuperação do Portugal «autêntico». A catástrofe seria assim como um terramoto que tudo devasta, mas que permite reconstruir tudo do nada. Como se sonhava na revolução francesa...
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