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    O Príncipe da Privataria

    Por Dória, Palmério
    Existem 14 citações disponíveis para O Príncipe da Privataria

    Sobre

    Uma grande reportagem, 400 páginas, 36 capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial brasileiro: 'O Príncipe da Privataria' ? A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição.
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    Citações de O Príncipe da Privataria

    “Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde.”

    Assim é, mas a diferença entre nós e “eles” é que nós gastamos o dinheiro nas campanhas, enquanto “eles” enfiam uma boa parte em seus próprios bolsos.

    A Melhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar, do norte-americano Greg Palast.

    comprova que a base da corrupção e do modelo supostamente democrático que a preserva é o sistema eleitoral baseado no financiamento privado.

    Não podia haver mais significativo desfecho para a Era FHC do que o apagão. Ocorre em 1º de julho de 2001, domingo,  e outro em 27 de setembro de 2002, sexta-feira. A falta de chuvas deu uma força à falta de planejamento e investimentos em geração de energia — mais uma obra da privataria. Segundo cálculos de Delfim Netto, cada brasileiro perdeu R$ 320 com o apagão.  Auditoria do Tribunal de Contas da União, TCU, publicada em 15 de julho de 2009, calculou prejuízo ao Tesouro de 45 bilhões e 200 milhões de reais.

    Sangria desatada: só entre 1992 e 1997, pessoas físicas e jurídicas remetem ilegalmente ao exterior R$ 124 bilhões.

    FHC passa constrangimento entrevistado pela BBC de Londres. O âncora questiona duro sobre o procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, tão leniente que o chamavam engavetador-geral; FHC diz que ele era “independente”, o jornalista contesta que quem o nomeou (e sucessivas vezes) foi ele, FHC, e pergunta: se nunca houve “nada de errado” em seu governo, não seria porque Brindeiro “sentou” sobre os processos?

    Um jornalista americano, Michael Lewis, dá ideia do atoleiro em que estaríamos enfiados, no livro Bumerangue — Uma viagem pela economia do novo Terceiro Mundo (Sextante, Rio de Janeiro, 2011). Ele é repórter da Vanity Fair, revista mensal de reportagem e comportamento. O termo “novo Terceiro Mundo” é bem adequado à situação em que se meteram países até ontem incluídos no Primeiro Mundo, agora insolventes, mergulhados no desemprego e no desalento, como Espanha, Grécia, Islândia, Irlanda, lutando para manter a cabeça acima da flor-d’água.

    A privatização no México foi feita pelo presidente Carlos Salinas, ele pegou toda a telefonia do México e entregou para um empresário, o Carlos Slim, hoje o homem mais rico do mundo. Aqui dividiram em três: Brasil Telecom, Telemar e Telefonica. A privatização no Peru foi feita pelo Alberto Fujimori. A privatização na Argentina foi feita pelo Carlos Menem. A privatização no Brasil foi feita pelo Fernando Henrique Cardoso. O Carlos Salinas é refugiado político na Irlanda. Alberto Fujimori está preso no Peru. Carlos Menem corre do camburão da polícia mais do que aquele jamaicano que bateu o recorde dos 100 metros rasos. E o Fernando Henrique Cardoso é o cérebro, o príncipe dos sociólogos brasileiros. É um país muito peculiar.”

    Vitória da Minoria, Rubem assina o prefácio do esclarecedor livro A Eleição da Reeleição, de Sebastião Nery. Rubem aponta fatores que levaram à terceira derrota de Lula em eleições presidenciais:   • bombardeio das mensagens indutoras da ditadura do pensamento único, impostas pelos meios de comunicação; • esquema infalível para assegurar a vitória do presidente candidato à reeleição e da maioria dos governadores que o apoiavam: não precisaram afastar-se do cargo e perder o controle das máquinas de pressão administrativa; • até a Justiça Eleitoral ajudou, manifestando-se a favor da vitória do candidato à reeleição; • parte da imprensa chegou às raias do terrorismo, ao sustentar que a vitória do adversário poderia levar o Brasil ao caos.   E “apesar de tão fantástica mobilização de meios e recursos”, aponta Rubem, FHC “conseguiu apenas um terço dos votos válidos”. A Constituição havia instituído o princípio da maioria absoluta mas, “incoerentemente”, eliminou para fins deste item “a contagem de votos brancos e nulos”. Assim, o total de eleitores que não votaram em FHC “foi mais de duas vezes superior ao dos que o reelegeram”. A mídia hegemônica ignorou a aritmética e tratou de esconder que Fernando Henrique não representava nem de longe a maioria. Rubem lamenta: “Os que se omitiram na eleição das reeleições, deixando-se manipular pelas pesquisas ou mensagens que os desestimulavam de comparecer às urnas, ajudaram, portanto, a derrotar o Brasil do povo brasileiro.”

    A reeleição é um insulto à nação, aos 150 anos de Brasil independente, a todos os homens públicos que passaram por este país. Se o presidente Castelo Branco tivesse querido, também teria sido reeleito. Não lhe faltaria apoio. Se o general Geisel quisesse, também teria sido reeleito. Pois bem. Foi preciso que chegasse à presidência da República não um militar, não um general, mas um civil, não um homem de caserna, mas um professor universitário, para que o Brasil regredisse ao nível mais baixo da América Latina, em matéria de provimento de chefia de Estado.

    … era o próprio banco do governo que tinha moedas podres guardadas e colocava em leilão, para os interessados, em condições incríveis: até 12 anos para pagar e com juros privilegiados. Ou ainda: os compradores não precisavam desembolsar dinheiro vivo nem mesmo para comprar as moedas podres… Sem gastar, viraram “donos” de estatais construídas com dinheiro — bilhões de reais — de todos nós, brasileiros, ao longo de décadas.

    Antes de privatizar, você disse, o governo elevou os investimentos nas telecomunicações de R$ 3,5 bilhões para R$ 7 bilhões ao ano, mas o faturamento dos fabricantes brasileiros recuou, empresas fecharam, o desemprego aumentou… O ralo está nas importações. As multinacionais — e beneficiadas por financiamentos do BNDES — passam a importar maciçamente. Alguns equipamentos chegam a usar 97% de componentes importados. Celulares chegam a usar de 85% a 100% — são apenas montados aqui. O governo tinha acenado com a obrigatoriedade de 35% de peças nacionais. Recuou para 20%. E nas vésperas do leilão, descartou qualquer obrigatoriedade e estabeleceu, apenas, que o BNDES financiaria fabricantes brasileiros, mas em seguida houve novo recuo: financiamentos apenas para os “compradores”. Em suma, nas primeiras “concorrências” para compra de equipamentos em março de 1999, a Telefonica, compradora da Telesp, não convidou uma única empresa brasileira para disputar as encomendas.

    Em resumo, a privataria não reduziu nossa dívida nem o “rombo” do governo. Ao contrário, as privatizações contribuíram para aumentá-los. E o governo ficou com dívidas, e sem as fontes de lucros para pagá-las. Ironicamente, o governo reconheceu isto com todas as letras. Na carta de intenções que o ministro da Fazenda Pedro Malan enviou ao FMI, inconscientemente o governo confessa que o equilíbrio das contas ficou mais difícil porque… deixou de contar com os lucros que as estatais ofereciam como contribuição para cobrir o rombo até serem vendidas.

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