Fuga do campo 14
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Amor, misericórdia e família eram palavras sem significado. Deus não desapareceu ou morreu. Shin nunca ouvira falar dele.
Um perverso benefício do nascimento no campo era a completa ausência de expectativas.
É difícil exagerar a importância do arroz na cultura norte-coreana. Ele significa riqueza, evoca a união de uma família e santifica uma refeição apropriada. Os prisioneiros nos campos de trabalhos forçados quase nunca o comem, e sua ausência é um lembrete diário da normalidade que jamais podem ter.
Cerca de 6% do PIB do país é gasto em educação, mais do que o dobro da porcentagem destinada a esse fim nos Estados Unidos, Japão ou Grã-Bretanha.
Em 1957, para identificar e isolar aqueles a quem considerava seus inimigos políticos, Kim Il Sung criou um sistema hierárquico neofeudal, baseado em relações consanguíneas.
Ao prender seus cidadãos dentro do país, a Coreia do Norte viola um acordo internacional que se comprometeu a cumprir. O acordo de 1966 diz: “Todos devem ser livres para deixar qualquer país, inclusive o seu próprio.”4 Ao definir todos os desertores norte-coreanos como “refugiados econômicos” e enviá-los de volta a seu país para serem perseguidos, a China viola suas obrigações como signatária de uma convenção internacional dos refugiados de 1951. Pequim recusa-se a permitir que os desertores reivindiquem asilo e impede o escritório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados de trabalhar ao longo da fronteira com a Coreia do Norte.
Foi educado sob um nome falso na Suíça e, de volta à Coreia do Norte, estudou numa universidade de elite que tem o nome de seu avô. Graças a sua estirpe, vive acima da lei.
Os campos de trabalhos forçados da Coreia do Norte já duram duas vezes mais tempo que o Gulag soviético e cerca de 12 vezes mais que os campos de concentração nazistas.
Kim Il Sung estabeleceu a lei em 1972: “Inimigos de classe, sejam eles quem forem, devem ter sua semente eliminada por três gerações.”
Entre os países com renda per capita mais alta que a da Coreia do Norte estão o Sudão, o Congo e o Laos.
“Uma família de elite em Pyongyang não vive nem de longe tão bem — em termos de posses materiais, conforto e opções de entretenimento — quanto a família de um assalariado mediano em Seul”,
Shin e a mãe sentiram-se infelizes e famintos durante a crise de fome, mas não mais do que o de costume. O menino continuava como antes, caçando ratos, surrupiando a comida da mãe e sempre suportando suas surras.
“Foi com aqueles filmes que comecei a aprender o que estava acontecendo no mundo, foi com eles que o povo aprendeu que o governo de Kim Jong Il não trabalha realmente para o seu bem.”
Desertores norte-coreanos que chegavam a Seul contavam que rádios de pilha fabricados na China lhes permitiam ouvir estações chinesas e sul-coreanas, bem como a Rádio Ásia Livre e a Voz da América. Muitos contavam histórias sobre como haviam se viciado em filmes de Hollywood e telenovelas sul-coreanas.
O suicídio é uma forte tentação para norte-coreanos arrancados de vidas comuns e sujeitados ao regime de labuta, fome, surras e privação de sono dos campos de trabalhos forçados. “O suicídio não era incomum no campo”, escreveu Kang Chol-hwan em suas memórias sobre a década que passou no Campo 15. “Vários