Historias de Reis e Principes by Alberto Pimentel
Fernão da Silveira, filho primogenito do barão de Alvito, foi escrivão da puridade de D. João II, e figura como poeta no Cancioneiro de Garcia de Rezende.
Estas circumstancias dão-lhe fóros de homem notavel no seu tempo. Mas a todas sobreleva, perante a historia, a de ter sido um dos conspiradores que mais incommodaram D. João II.
Parece que o rei não tinha sobejos motivos para confiar no seu escrivão.
Certo dia mandára chamar, por um moço da camara, Fernão da Silveira. D. João II não se queria referir ao secretario particular, mas a outro Fernão da Silveira, o coudel-mór, tambem poeta como o seu homonymo.
Comparecendo o escrivão da puridade em vez do coudel-mór, D. João II agastou-se e perguntou ao moço da camara:
?A quem te mandei chamar?
?A Fernão da Silveira.
?Não era este, replicou o rei, mas o Bom.
O escrivão da puridade julgou-se desconsiderado com estas palavras do rei e, sahindo do Paço, como encontrasse no Rocio D. Martinho de Castello Branco, desabafou com elle. D. Martinho procurou aquietal-o com bom conselho, porém Fernão da Silveira insistiu em mostrar-se agastado contra o rei, de quem jurou vingar-se.
?Mas o que podereis vós fazer? perguntou D. Martinho.
?Matal-o, respondeu o escrivão da puridade.
E correu d'alli a bandear-se com os conspiradores: o duque de Vizeu, o bispo d'Evora D. Garcia, o irmão do bispo, D. Fernando de Menezes, D. Guterres Coutinho, D. Alvaro Coutinho e seu filho, o conde de Penamacôr e seu irmão D. Pedro d'Albuquerque.
D. João II soube das conferencias mysteriosas dos conspiradores, celebradas em Santarem, fóra de portas.
Por mais de uma delação o soubera.
Fernão da Silveira, filho primogenito do barão de Alvito, foi escrivão da puridade de D. João II, e figura como poeta no Cancioneiro de Garcia de Rezende.
Estas circumstancias dão-lhe fóros de homem notavel no seu tempo. Mas a todas sobreleva, perante a historia, a de ter sido um dos conspiradores que mais incommodaram D. João II.
Parece que o rei não tinha sobejos motivos para confiar no seu escrivão.
Certo dia mandára chamar, por um moço da camara, Fernão da Silveira. D. João II não se queria referir ao secretario particular, mas a outro Fernão da Silveira, o coudel-mór, tambem poeta como o seu homonymo.
Comparecendo o escrivão da puridade em vez do coudel-mór, D. João II agastou-se e perguntou ao moço da camara:
?A quem te mandei chamar?
?A Fernão da Silveira.
?Não era este, replicou o rei, mas o Bom.
O escrivão da puridade julgou-se desconsiderado com estas palavras do rei e, sahindo do Paço, como encontrasse no Rocio D. Martinho de Castello Branco, desabafou com elle. D. Martinho procurou aquietal-o com bom conselho, porém Fernão da Silveira insistiu em mostrar-se agastado contra o rei, de quem jurou vingar-se.
?Mas o que podereis vós fazer? perguntou D. Martinho.
?Matal-o, respondeu o escrivão da puridade.
E correu d'alli a bandear-se com os conspiradores: o duque de Vizeu, o bispo d'Evora D. Garcia, o irmão do bispo, D. Fernando de Menezes, D. Guterres Coutinho, D. Alvaro Coutinho e seu filho, o conde de Penamacôr e seu irmão D. Pedro d'Albuquerque.
D. João II soube das conferencias mysteriosas dos conspiradores, celebradas em Santarem, fóra de portas.
Por mais de uma delação o soubera.