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    Política

    Por João Ubaldo Ribeiro
    Existem 15 citações disponíveis para Política

    Sobre



    O romancista João Ubaldo Ribeiro é considerado um dos escritores mais importantes do país. Traduzido em oito línguas, é autor de romances indispensáveis na literatura contemporânea. Em ?Política?, ele escreve não-ficção sem perder com isso as qualidades essenciais de sua obra ficcional: lucidez, criatividade, rigor narrativo. Mestre em ciências políticas e ex-professor da Universidade Federal da Bahia, o escritor associa sua verve narrativa a um profundo conhecimento acadêmico para tratar de temas como poder, nação, soberania, democracias, ditaduras, partidos políticos, ideologias ? com linguagem clara, acessível, em profundidade. Sem usar jargões nem impor qualquer visão particular, João Ubaldo decifra alguns enigmas desta atividade inexorável à vida humana ? a Política. Tem a ver com quem manda, por que manda, como manda. O livro vai ?comendo pelas beiradas?, explicando que coisa é essa, a Política, e por que ela interessa a todos e a cada um, e aos poucos desvendando conceitos fundamentais da sociedade e do Estado. ?Política? pode ser visto como um curso prático e elementar sobre o assunto, para trabalhadores, estudantes, políticos, donas de casa e o povo em geral, com noções elementares sobre política, narradas de forma inteligente e original.
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    Citações de Política

    A Política não se ocupa de todos os processos de formulação e tomada de decisões, mas somente daqueles que afetem, de alguma forma, a coletividade.

    A Política passa, neste caso, a ser entendida como um processo através do qual interesses são transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos à formulação e tomada de decisões efetivas, decisões que “vinguem”.

    Quando alguém diz, como é frequente lermos em entrevistas aos jornais, que “está em outra” e que “não liga para a política”, está, naturalmente, exercendo um direito que lhe é facultado pelo sistema político em que vive. Ou seja, em última análise, está sendo um político conservador, não vê necessidade de mudanças.

    A Política fica então vista como o estudo e a prática da canalização de interesses com a finalidade de conseguir decisões.

    Se não gostamos do comportamento dos políticos e do funcionamento do sistema e não fazemos nada quanto a isso, estamos sendo políticos: estamos contribuindo para a perpetuação de uma situação política indesejável ou inaceitável.

    É impossível que fujamos da Política. É possível, obviamente, que desliguemos a televisão, se nos aparecer algum político dizendo algo que não estamos interessados em ouvir. Isto, porém, não nos torna “apolíticos”, como tanta gente gosta de falar. Torna-nos, sim, indiferentes e, em última análise, ajuda a que o homem que está na televisão consiga o que quer, já que não nos opomos a ele. O problema é que, por ignorância ou apatia, às vezes pensamos que estamos sendo indiferentes, mas, na verdade, estamos fazendo o que nos convém.

    A Política não é, pois, apenas uma coisa que envolve discursos, promessas, eleições e, como se diz frequentemente, “muita sujeira”. Não é uma coisa distinta de nós. É a condução de nossa própria existência coletiva, com reflexos imediatos sobre nossa existência individual, nossa prosperidade ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nossa felicidade ou infelicidade.

    Como vimos, o monopólio da coerção jaz nominalmente no Estado. Por esta razão se ambiciona a conquista de posições dentro da estrutura do Estado, pretende-se conquistar “o governo”: para usar, dentro das limitações inevitáveis, o poder decisório e coercitivo do Estado com a finalidade de satisfazer interesses, ou realizar aquilo que se considera certo. É claro que, se é o Estado que detém a posição formal de poder, é necessário que vejamos, como temos aprendido a ver, quem está “por trás do Estado”, quem ele representa basicamente. Como dissemos acima, quem manda é quem está levando vantagem. Não é difícil inferir a quem o Estado serve: basta ver quem está melhor servido dentro da sociedade. Quem está melhor servido é quem está mandando, não importa o que lhe expliquem em contrário. É óbvio que você já viu que “explicar o contrário” faz parte do esquema de dominação. Quem se beneficia mais é quem está mandando, qualquer que seja a razão para isso e mesmo que quem esteja mandando não exerça posição alguma na estrutura formal do Estado.

    São Francisco de Assis, exemplo clássico de abnegação e desapego a bens materiais, renunciou a tudo aquilo, numa opção consciente. O pobre e o despossuído não renunciam, não agem em função de valores mais altos voluntariamente escolhidos. Com eles não se trata de uma renúncia, de uma abdicação — trata-se de um ato forçado, que não tem a dignidade, a liberdade e a força da abdicação. Dizer “estas coisas não valem nada, muito melhor é a autenticidade” só tem sentido quando podemos renunciar por nós mesmos a elas. Tanto assim que os ricos não costumam renunciar à riqueza, nem a “essas coisas sem valor”. Ao pobre, portanto, é negada a dignidade de renunciar. Ele é obrigado a mergulhar na pobreza de nascença e a se convencer de que assim está melhor. Não significa isto, evidentemente, que a situação ideal da vida é a riqueza (principalmente à custa da pobreza alheia), nem que tenhamos de colocar os chamados valores materiais na frente de nossas preocupações. O que devemos é procurar evitar que nos retirem opções, que nos cerceiem a plena liberdade humana, que nos impeçam a plena realização do nosso potencial, que nos impinjam convicções que não tenhamos escolha senão aceitar. O que consideramos uma sociedade justa pode variar muito. É, afinal, uma questão profundamente ideológica. Mas nossa visão de uma sociedade justa não pode ser imposta — sobretudo quando quem procura impor-nos essa visão se encontra numa situação claramente melhor do que a nossa, mesmo que nos deseje convencer de que está em situação igual ou pior. Nada impede que aceitemos determinados valores, segundo nossa escolha. Mas temos de estar conscientes dessa escolha, fazê-la de forma plenamente voluntária (e isto envolve conhecer bem as opções possíveis) e não deixar que nos impinjam uma “verdade” ideológica sob a capa de uma verdade incontestável.

    Na Inglaterra, a rainha pode nomear, teoricamente, qualquer membro do Parlamento que deseje, para o cargo de Primeiro-Ministro. No entanto, ela sempre nomeia o líder do partido que ganhou as eleições.

    O que vemos hoje é que o Estado precisa intervir, dirigindo a economia, gerindo a economia — seja apenas orientando, seja assumindo diretamente o comando. O problema, portanto, é: quem dirige o Estado? Quem manda? *

    Ao contrário do que se pode achar, a maioria das pessoas detesta pensar, não está habituada a isto e, de modo inconsciente, deixa que pensem por ela. Não se deve permitir que isto aconteça (mesmo quando a fonte é um manual bem-intencionado como este), pois isto significa abdicar de parte, talvez a parte mais importante, da condição humana.

    A existência de preconceitos não é natural.

    Somente através da consciência política podemos aspirar à plena dignidade humana e à integral condição de cidadão. Boa sorte.

    cabeça. Quando a nossa cabeça não tem autonomia, quando, mesmo que não notemos, pensam por nós, aí estamos dominados, seja pelo esquema interno a nosso próprio país, seja por economias e culturas que o colonizam, seja por ambos — como geralmente é o caso.

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