Este livro traz duas propostas inusitadas e desafiadoras. Uma é olhar para as 26 obras de arte aqui reunidas considerando seus títulos, outra é o enorme esforço que significa oferecer um conjunto largo e eclético de artistas e obras, lado a lado, numa só publicação. Levando em conta que muitos artistas não nomeiam suas obras, outros apenas as codificam, e alguns conferem ao título um aspecto fundamental para compreensão do significado que quis dar à sua produção, priorizar o título como referência para ordenar as obras contidas neste livro é também propor que ele seja um dos fios condutores do olhar e da percepção.
Como as autoras justificam,“A ordem alfabética foi só um pretexto...”, porque faz todo sentido pensar que as obras existem para ser observadas, lidas e percebidas em sua totalidade e em várias circunstâncias ou momentos. O primeiro deles é o impacto com a imagem, depois seguem diversas camadas de percepção e leitura, entre elas, o título.
É sabido que a artista mais conhecida por todos os admiradores da arte brasileira é Tarsila do Amaral, assim como o título de sua obra icônica Abaporu é um dos que mais intrigam e provocam o público. Mas quais seriam os outros artistas e obras que têm títulos em que há muito mais “para ler e ver”? Esse é o fio condutor desta publicação, em que as autoras propõem aos leitores um jogo que vai além da relação entre o título e a imagem.
Recomendo a leitura de Para ler e ver com olhos livres colocando todos os sentidos em ação e, depois disso, a visita a museus e galerias, exercitando o mesmo tipo de apreensão da obra de arte!
Ricardo Ribenboim
Artista e gestor cultural, foi diretor-superintendente do
Itaú Cultural e hoje é sócio-diretor da base7 projetos culturais