Quando tudo se desfaz
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“Quando fizer amizade consigo mesma, sua situação também se tornará mais amena”.
não podemos estar no presente e remoer nossa velha história ao mesmo tempo!
Interromper nossa expectativa de solução é um presente que podemos dar a nós mesmos.
Existem seis atitudes para descrever esse tipo de solidão refrescante: desejar menos, contentar-se, evitar a atividade desnecessária, ter total disciplina, não vagar pelo mundo do desejo e não buscar segurança nos pensamentos discursivos.
Normalmente vemos a solidão como um inimigo. A melancolia não é algo que escolhemos convidar. Ela é inquieta, fértil e ardente pelo desejo de escapar e encontrar alguma coisa ou alguém que nos faça companhia. Quando conseguimos repousar no caminho do meio, começamos a ter um relacionamento não ameaçador com a solidão, uma solidão relaxante e refrescante que transforma radicalmente nossos amedrontados padrões habituais.
Quando nos tornamos mais perspicazes e compassivos diante de nossas próprias dificuldades, espontaneamente sentimos mais ternura pelos outros seres humanos.
“Só encontraremos aquilo que é indestrutível em nós à medida que nos expusermos cada vez mais à destruição”.
Pensamos que tudo será perfeito se meditarmos ou malharmos bastante, se nos alimentarmos com os alimentos ideais. Entretanto, do ponto de vista de uma pessoa desperta, isso é a morte. Buscar segurança ou perfeição, alegrar-se por ter a sensação de sentir-se confirmado e íntegro, autossuficiente e confortável, é uma espécie de morte. Não entra nem um pouco de ar fresco nessas atitudes. Elas não deixam espaço para que algo se interponha e interrompa todo esse processo. Ao controlar nossa experiência, estamos matando o momento. Ao fazer isso, estamos construindo nosso fracasso, porque, mais cedo ou mais tarde, teremos uma experiência que não podemos controlar: nossa casa é destruída pelo fogo, alguém que amamos morre, descobrimos que estamos com câncer, um tijolo cai do céu bem em cima de nossa cabeça, alguém derruba molho de tomate em nossa roupa branca, chegamos a nosso restaurante favorito e descobrimos que ninguém fez as compras necessárias e 700 pessoas estão chegando para o almoço. O desafio é a essência da vida. Às vezes ela é doce, às vezes ela é amarga. Algumas vezes nosso corpo fica tenso, em outras, ele se distende e relaxa. Às vezes temos dor de cabeça e, às vezes, nós nos sentimos 100% saudáveis. De uma perspectiva desperta, tentar juntar as peças e finalmente organizar tudo é o mesmo que morrer, porque envolve rejeitar muito de nossa experiência básica. Há algo de agressivo nessa abordagem da vida, nessa tentativa de nivelar todos os pontos ásperos e imperfeições, transformando-os em um caminho agradável e sem acidentes. Ser plenamente humano, estar totalmente vivo e completamente desperto é ser jogado para fora do ninho o tempo todo. Viver plenamente é estar sempre em uma terra de ninguém, é experimentar cada momento como algo muito novo e fresco. Viver é estar disposto a morrer sempre mais uma vez. Do ponto de vista desperto, isso é a vida. Morrer é desejar agarrar-se ao que já temos e utilizar cada experiência para nos confirmar, parabenizar e
Internamente, talvez nada nos ataque de verdade, além de nossa própria confusão. Talvez não exista um obstáculo sólido, além da própria necessidade de proteger-se contra ser atingido. Talvez o único inimigo seja o fato de que não gostamos da realidade como ela é agora e, por isso, queremos que ela se afaste rapidamente. Entretanto, como praticantes, descobrimos que nada se afasta até que tenhamos aprendido o que precisamos aprender. Se corrermos a mais de cem quilômetros por hora até o outro extremo do continente para nos livrarmos de um obstáculo, encontraremos exatamente o mesmo problema esperando por nós quando chegarmos lá. Ele continua voltando com novos nomes, formas e manifestações, até aprendermos o que ele tem a nos ensinar sobre como nos distanciamos da realidade, como recuamos em vez de abrir, como nos fechamos em vez de permitir uma experiência integral daquilo que encontramos, sem hesitar ou bater em retirada para dentro de nós mesmos.
Quando nos comprometemos a ficar exatamente onde estamos, nossa experiência torna-se muito vívida. Se não há nenhum lugar para onde fugir, tudo se torna muito claro.
A honestidade, sem bondade, humor e boa vontade, pode ser simplesmente mesquinha.
Certa vez, assisti a uma palestra sobre as experiências espirituais de um homem, na Índia, na década de 60. Ele estava determinado a livrar-se de suas emoções negativas. Lutava contra a raiva e a luxúria, contra a preguiça e o orgulho. Entretanto, o que ele mais queria era se livrar do medo. Seu professor de meditação sempre lhe dizia para parar de lutar. Ele, entretanto, achava que esse conselho era apenas mais uma forma de ensiná-lo a superar seus obstáculos. Finalmente, o mestre pediu que ele fosse meditar em uma pequena cabana ao pé de uma colina. Ele fechou a porta e acomodou-se para a prática. Quando começou a escurecer, acendeu três pequenas velas. Por volta da meia-noite, ouviu um barulho no canto da sala e, em meio à escuridão, viu uma enorme serpente que olhava para ele como uma naja, balançando-se bem à sua frente. A noite toda ele permaneceu muito alerta, os olhos cravados nela. Sentia tanto medo que não podia se mover. Só havia ele, a cobra e o medo. Pouco antes do amanhecer, a última vela apagou-se e ele começou a chorar. Chorou não por desespero, mas por ternura. Sentiu o anseio de todos os animais e pessoas do mundo, reconheceu sua alienação e luta. Toda a sua meditação não havia sido nada além de mais separação e esforço. Ele aceitou — aceitou de fato, irrestritamente — que sentia raiva e inveja, que resistia e lutava, e que estava com medo. Aceitou também o fato de ser algo precioso, além de qualquer limite — sábio e tolo, rico e pobre, totalmente insondável. Sentiu-se tão grato que, na completa escuridão, levantou-se, caminhou até a cobra e fez uma reverência. Então, deitado no chão, adormeceu profundamente. Quando acordou, a serpente havia desaparecido. Ele nunca soube se ela tinha sido fruto de sua imaginação ou se realmente havia estado ali, e isso parecia não importar. No final da palestra relatou que essa grande intimidade com o medo fizera com que seus dramas desmoronassem e ele, finalmente, deixou-se tocar pelo mundo que o rodeava.
Relacionar-se com os outros de forma compassiva é um desafio. Comunicar-se realmente, falar ao coração, dar apoio a alguém — nossos filhos, companheiros, pais, clientes, pacientes, ou uma mulher desabrigada que vive nas ruas — significa não se fechar para essa pessoa, e isso implica, acima de tudo, não se fechar para si mesmo. Significa sentir o que se está sentindo, sem rejeitar. Significa aceitar cada um de nossos aspectos, mesmo aqueles de que não gostamos. Fazer isso exige a abertura que no budismo é algumas vezes chamada de vazio — não se fixar ou apegar a nada. Somente em um espaço aberto e sem julgamento podemos reconhecer o que estamos sentindo. Somente no espaço aberto, onde não estamos tão ocupados com nossa própria versão da realidade, podemos ver,
Quando nos protegemos do sofrimento, achamos que estamos sendo bondosos conosco mesmos. A verdade é que apenas nos tornamos mais amedrontados, endurecidos e alienados. Percebemos a nós mesmos como separado do todo. Essa separação transforma-se em uma espécie de prisão — uma prisão que nos encerra em nossas próprias esperanças e medos,
A verdade, dizia um antigo mestre chinês, não é nem isso nem aquilo. É como um cão ansioso diante de uma tigela de gordura fervente. Ele não pode desistir dela porque é saborosa demais e não pode lambê-la porque está quente demais.