Este mais recente livro (não o último certamente), de Heloisa Perissé é uma obra que pode colocá-la ao nível de um Érico Veríssimo.
Louvado na saga da família de Heloísa, continuação de seu romance anterior, ?Sinhá Benvinda?, foi elaborado nos mesmos termos, mantidos sempre simples e atraentes. Com efeito, quer quando suaviza o texto, quase em tom de comédia, quer quando enfrenta, com absoluta seriedade, situações dramáticas que ameaçam fugir do controle da autora, a narrativa se conserva firme e escorreita, não obstante o clima quente dos acontecimentos, como se à época os fatos tivessem sido gravados e filmados, com as técnicas modernas da comunicação. Digno de elogios, a identificação dos participantes do enredo. Os perfis são bem delineados. Os personagens mantêm intactas suas características, físicas e mentais. São coerentes e constantes. Não importa a cor, a raça, a idade, a beleza ou a feiura, o desenho e o colorido, corpo e alma de cada um, nada deixam a desejar. E o mais espantoso é que a personalidade resta completa, mercê do dom da autora de dar vida própria a cada qual.
Como a maioria dos leitores amantes dos finais felizes, confessamos nossa revolta ao vislumbrar, ainda no meio da saga, um final desastroso para um romance tão bonito. Pensamos até em comover a autora implorando:? Por favor, não deixe a moça bonita fazer essa besteira... Mesmo porque a heroína poderia mudar a situação daqueles pobres empregados da propriedade, trabalhando ainda em regime de escravidão, embora teoricamente libertos.
Se poderia também colocar a trama na moral dos tempos modernos, em que o risco seria calculado: a mocinha casar-se-ia com o velho decrépito e desdentado e se aproveitaria da melhor maneira possível da situação. Entretanto, o noivo gagá, pé na cova, certamente, não teria forças para resistir aos atrativos da belíssima noiva, na noite de núpcias... Para uma criatura do caráter da heroína, isto lhe era terrível e simplesmente insuportável. Voilá! O que tem que acontecer, traz força, está escrito. Que será, será. Todavia, não cabe aqui antecipar surpresas. Resta aludir à dignidade da rameira: - marca da fidelidade de Heloísa à simpatia pelas personagens secundárias ? ao jogar o dinheiro na cara do irresponsável pai de seu filho, pois sabia dar valor ao bem maior, a vida. Por certo, conseguiria criar o bastardo sozinha e muito bem. Pioneira da reação social da mulher.
Enfim, amamos o livro. Sinta você mesmo, o porquê de nosso entusiasmo e admiração. Acompanhe as impressionantes desenvoltura e facilidade com que a autora consegue desencadear os acontecimentos, numa sequência exata e ritmada. Estamos de parabéns. Heloísa e todos nós, seus leitores. Como já afirmamos, ela é uma escritora nata, muito talentosa. E nós, seus sortudos ledores, agraciados com esse brilhante dom de Heloísa.
Louvado na saga da família de Heloísa, continuação de seu romance anterior, ?Sinhá Benvinda?, foi elaborado nos mesmos termos, mantidos sempre simples e atraentes. Com efeito, quer quando suaviza o texto, quase em tom de comédia, quer quando enfrenta, com absoluta seriedade, situações dramáticas que ameaçam fugir do controle da autora, a narrativa se conserva firme e escorreita, não obstante o clima quente dos acontecimentos, como se à época os fatos tivessem sido gravados e filmados, com as técnicas modernas da comunicação. Digno de elogios, a identificação dos participantes do enredo. Os perfis são bem delineados. Os personagens mantêm intactas suas características, físicas e mentais. São coerentes e constantes. Não importa a cor, a raça, a idade, a beleza ou a feiura, o desenho e o colorido, corpo e alma de cada um, nada deixam a desejar. E o mais espantoso é que a personalidade resta completa, mercê do dom da autora de dar vida própria a cada qual.
Como a maioria dos leitores amantes dos finais felizes, confessamos nossa revolta ao vislumbrar, ainda no meio da saga, um final desastroso para um romance tão bonito. Pensamos até em comover a autora implorando:? Por favor, não deixe a moça bonita fazer essa besteira... Mesmo porque a heroína poderia mudar a situação daqueles pobres empregados da propriedade, trabalhando ainda em regime de escravidão, embora teoricamente libertos.
Se poderia também colocar a trama na moral dos tempos modernos, em que o risco seria calculado: a mocinha casar-se-ia com o velho decrépito e desdentado e se aproveitaria da melhor maneira possível da situação. Entretanto, o noivo gagá, pé na cova, certamente, não teria forças para resistir aos atrativos da belíssima noiva, na noite de núpcias... Para uma criatura do caráter da heroína, isto lhe era terrível e simplesmente insuportável. Voilá! O que tem que acontecer, traz força, está escrito. Que será, será. Todavia, não cabe aqui antecipar surpresas. Resta aludir à dignidade da rameira: - marca da fidelidade de Heloísa à simpatia pelas personagens secundárias ? ao jogar o dinheiro na cara do irresponsável pai de seu filho, pois sabia dar valor ao bem maior, a vida. Por certo, conseguiria criar o bastardo sozinha e muito bem. Pioneira da reação social da mulher.
Enfim, amamos o livro. Sinta você mesmo, o porquê de nosso entusiasmo e admiração. Acompanhe as impressionantes desenvoltura e facilidade com que a autora consegue desencadear os acontecimentos, numa sequência exata e ritmada. Estamos de parabéns. Heloísa e todos nós, seus leitores. Como já afirmamos, ela é uma escritora nata, muito talentosa. E nós, seus sortudos ledores, agraciados com esse brilhante dom de Heloísa.
