O Modernismo, além de ter gerado uma revolução estética na literatura, na música e nas artes plásticas, foi um momento único de intenso debate sobre o conceito de identidade nacional. Nunca antes a poesia esteve tão próxima do contexto histórico- social, ideológico e cultural, tendo como um de seus principais objetivos mostrar as faces contraditórias e diversificadas do país. Formada em Letras pela Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, câmpus de Assis, a autora – que atualmente reside na Itália e leciona língua e literatura portuguesas e história da cultura brasileira na Universidade de Lecce – analisa três livros fundamentais da poesia modernista brasileira. Em Pau-Brasil (1925), de Oswald de Andrade, são estudadas a predominância da paródia e a corrosão da história oficial a partir de textos dos cronistas dos séculos XVI e XVII. Essa pré-literatura é revista pelo poeta para combater estereótipos, especialmente contra os negros escravos. Ao ler Martim Cererê (1928), de Cassiano Ricardo, a paráfrase ga- nha destaque. Estabelece-se assim uma linha de continuidade com os poetas românticos. Ocorre, porém, a substituição do “bom selvagem” de José de Alencar pelo “bom bandeirante”, que reuniria audácia, coragem e profunda aspiração à liberdade. Em Cobra Norato (1931), de Raul Bopp, é detectado um retorno ao pré-tempo, ou seja, ao mito. O autor, após uma série de viagens pelo país, em que conhecera diversos costumes e tradições, traz a magia e o misticismo para a sua literatura, buscando encontrar o Brasil primitivo anterior à lógica e ao racionalismo científico. Resultado de uma pesquisa iniciada para o doutorado em Línguas e Literaturas Ibéricas e Ibero-Americanas da Universidade de Palermo, este livro mostra como os autores escolhidos propuseram um relacionamento crítico e consciente com o passado nacional, reivindicando uma literatura capaz de refletir as peculiaridades nacionais dentro de um âmbito artístico de qualidade universal.
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