Fatias de Brilho
Trata-se de mais um livro de contos soberbo desse escritor sem fadigas. JH Henriques está entre os escritores mais prolixos do planeta. Aqui mostramos mais um fragmento de um dos contos: Quando Hermantino da Conceição tomou posse das idéias de casório, sentiu que a vida abria os leques todos para suas alegrias. Era um tempo de grandezas e solicitava mais nada ao mundo do Criador, posto que alguma agonia sempre lhe determinasse atitudes de certo sofrimento, isso era coisa que vinha desde a sua mocidade e não podia se livrar de ser assim, mesmo que fizesse grande esforço para tanto. Começou o namoro com a Maria de Fátima numa data de brincadeiras de festa de São João, uma coisa que surgiu em sua vida de maneira que poderia ser chamada demais de inesperada. Maria de Fátima era mais puxada para gorda do que para vastidão de corpo delgado. Mesmo assim, o defeito para ele não existia porque era de sua preferência o mundo mostrar aquelas mulheres de tez clara e bunda que balança diante dos olhos, de uma maneira que poderia ser chamada de muito chamativa. Era um homem com vinte e sete anos de idade e algumas exigências capitais. Que mulher para ele tinha que ser reverente em todas as condições que a vida possa mostrar. A dizer de outra maneira, gostava de ver os pingos nos is certos, de sorte que tudo possa ser certinho, sem tirar e nem pôr. Maria de Fátima tinha seus vinte anos e podia se dizer uma criatura cheia de privilégios, porque se havia nela uma máxima que gostava de repetir, fosse a sentença de que coisa que nunca lhe faltaria para ser escolhida era homem distinto e uns restolhos de admiração que deles viria com a força da busca bem determinada. Dia da festa lá numa praça de Arinos, uma fogueira grande acesa e uma turma de rapazes e raparigas a fundear ao longo de miradas, da forma como eram feitos os flertes entre eles, os olhos agindo de conformidade com a limitação que a noite tem, ora confabulando para mostrar um esconderijo de miradas, outras vezes contribuindo por conta daqueles raios de lua que vinham lambendo junto com a víscera larga que subia das labaredas às achas de pau-terra, as que crepitavam enquanto de ouvia a voz misturada de todo mundo. Ele estava numa ponta da praça e ela num outro ponteado, outro praceado, embora dessem contam de todos os movimentos que se faziam por ali. Hermantino prestava atenção demais na delicadeza dos vestidos delas, suas estampas. A cor fugidia de algumas que tinham flores miúdas sobre fundo discreto e outros mais arregalados que manta de toureiro, uma alegria eram os dias com aquela espécie de consideração cheia de brilhos. Ela gostava de ver a maneira mais atilada dos homens, as suas ousadias em buscar os pares. Quando um se erguia e ia fazer graça para uma das raparigas, ela prestava atenção demais naquilo. Fingia consigo mesma que jamais se deixaria apanhar numa simples procura como estavam sendo aquelas. Para Maria de Fátima, o caso era um tanto mais afincado, homem para ela precisava demais achar as rumas para uma solidez dedicada.
Trata-se de mais um livro de contos soberbo desse escritor sem fadigas. JH Henriques está entre os escritores mais prolixos do planeta. Aqui mostramos mais um fragmento de um dos contos: Quando Hermantino da Conceição tomou posse das idéias de casório, sentiu que a vida abria os leques todos para suas alegrias. Era um tempo de grandezas e solicitava mais nada ao mundo do Criador, posto que alguma agonia sempre lhe determinasse atitudes de certo sofrimento, isso era coisa que vinha desde a sua mocidade e não podia se livrar de ser assim, mesmo que fizesse grande esforço para tanto. Começou o namoro com a Maria de Fátima numa data de brincadeiras de festa de São João, uma coisa que surgiu em sua vida de maneira que poderia ser chamada demais de inesperada. Maria de Fátima era mais puxada para gorda do que para vastidão de corpo delgado. Mesmo assim, o defeito para ele não existia porque era de sua preferência o mundo mostrar aquelas mulheres de tez clara e bunda que balança diante dos olhos, de uma maneira que poderia ser chamada de muito chamativa. Era um homem com vinte e sete anos de idade e algumas exigências capitais. Que mulher para ele tinha que ser reverente em todas as condições que a vida possa mostrar. A dizer de outra maneira, gostava de ver os pingos nos is certos, de sorte que tudo possa ser certinho, sem tirar e nem pôr. Maria de Fátima tinha seus vinte anos e podia se dizer uma criatura cheia de privilégios, porque se havia nela uma máxima que gostava de repetir, fosse a sentença de que coisa que nunca lhe faltaria para ser escolhida era homem distinto e uns restolhos de admiração que deles viria com a força da busca bem determinada. Dia da festa lá numa praça de Arinos, uma fogueira grande acesa e uma turma de rapazes e raparigas a fundear ao longo de miradas, da forma como eram feitos os flertes entre eles, os olhos agindo de conformidade com a limitação que a noite tem, ora confabulando para mostrar um esconderijo de miradas, outras vezes contribuindo por conta daqueles raios de lua que vinham lambendo junto com a víscera larga que subia das labaredas às achas de pau-terra, as que crepitavam enquanto de ouvia a voz misturada de todo mundo. Ele estava numa ponta da praça e ela num outro ponteado, outro praceado, embora dessem contam de todos os movimentos que se faziam por ali. Hermantino prestava atenção demais na delicadeza dos vestidos delas, suas estampas. A cor fugidia de algumas que tinham flores miúdas sobre fundo discreto e outros mais arregalados que manta de toureiro, uma alegria eram os dias com aquela espécie de consideração cheia de brilhos. Ela gostava de ver a maneira mais atilada dos homens, as suas ousadias em buscar os pares. Quando um se erguia e ia fazer graça para uma das raparigas, ela prestava atenção demais naquilo. Fingia consigo mesma que jamais se deixaria apanhar numa simples procura como estavam sendo aquelas. Para Maria de Fátima, o caso era um tanto mais afincado, homem para ela precisava demais achar as rumas para uma solidez dedicada.