Gio é uma garota de vinte e alguns anos que está solta na cidade, lutando com seus monstros, com o desemprego, com a carência, a caretice, a canção cansada das calçadas na calada das noites caóticas e no barulho dos dias.
Acompanhamos a sua odisseia desnorteada pelos amores e vivências contemporâneas, internet, planetas interceptados, crise econômica, questionamentos existenciais e poesia em prosa.
Diluindo as diferenças e distâncias em divertidos diálogos entre o eu e o mundo.
"Gosto de imaginar que nas câmeras espalhadas pelas cidades onde eu vivi e a minha imagem pra sempre gravada em arquivos que inevitavelmente serão jogados fora, mas que tiveram por algum tempo, o eco dos meus passos, o meu barulho e a minha bagunça balançando nos cabelos e a cabeça cheia do canto dos carros e as calçadas de calcário. E que esses vídeos são variações de mim, como uma máscara perdida. Um pedaço de coisa que era e não é mais, porque é outra coisa, sempre ainda inteira na incompletude das coisas. Gosto de imaginar aqueles dias em que eu vivi muito. Noites de amor etílico e eterno. E de impecáveis incongruências impregnadas de impressões imprecisas e impróprias, eu estou nas imagens com os vinte anos que eu nunca mais terei, mas que ali, ali eu vivo intensa e insana, como se fosse pra sempre. E uma parte daquilo foi. Talvez esta."