Cadeia: Relato sobre mulheres
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As mulheres do presídio são muito parecidas — pobres, pretas ou pardas, pouco escolarizadas, dependentes de drogas, cujo crime é uma experiência da economia familiar.
A figura do juiz é ambígua entre os trabalhadores do presídio. Se é quem determina a permanência de uma mulher como presa — ou seja, quem sentencia —, é também quem importuna os profissionais sobre os direitos das presas. É uma figura que recebe denúncias, solicita documentos, mas que não faz parte do cotidiano daquele fim da linha. “Não julgar” é, assim, se diferenciar de um sujeito que ali não está, mas que tudo pode e em tudo se mete, o dr. Juiz.
Engana-se quem pensa ser a morte ignorada em presídio. É sempre motivo de silêncio. Ali se vive longe da vida, mas não se nega sobrevivência.
Conselho Tutelar é braço da polícia; se a mulher vai para a cadeia, os filhos vão para o abrigo.
Há um modo de falar típico de presídio, as palavras circulam e se renovam. Não há ritual de alfabetização para a recém-chegada, aprende-se vivendo. Na primeira noite, descobre-se que cama é jega; comida, xepa; banheiro, boi.