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    Ultimatum de 11 de Janeiro

    Por Antero de Quental

    Sobre

    Abre o n.º Anthero de Quental com o artigo que em segida vae, e termina-o Clovis Hugues, o eminente poeta e democrata francez, com uns formosos e esplendidos, versos Á la jeunesse portugaise. Há no grande movimento nacional, que começou no dia 11 de janeiro, um elemento affirmativo, que é a intensa paixão patriotica do povo portuguez, e um elemento negativo, o descredito das nossas instituições politicas, das praticas de governo e dos homens governantes. Se o primeiro é uma inequivoca{10} manifestação da vitalidade nacional, manifestação bem consoladora para todos os que já começavam a descrer da alma collectiva d'este povo, o segundo é o symptoma d'um estado morbido do organismo social, symptoma tão grave que bem se póde dizer que sobreleva em importancia a todos os outros, aos olhos dos verdadeiros pensadores. Emquanto subsistir este lamentavel divorcio entre o sentimento nacional e o Estado, que por natureza deveria ser o seu orgão, faltará sempre á nação portugueza a primeira condição para o seu perfeito estabelecimento, a qual é o accordo intimo entre o povo e os seus governantes. Sem este accordo, o movimento nacional tomará cada vez mais um caracter incoherente e desordenado, e descambará finalmente n'uma verdadeira anarchia. É pois necessario que esse funesto divorcio, preparado por trinta annos de{11} materialismo politico, cesse e se restabeleça a intima e indispensavel unidade moral da nação. Mas como? Pela revolução? Seria essa a maior das calamidades. Como então? Pela constituição dos orgãos genuinos do sentimento nacional, semelhantes á Liga Patriotica do Norte, que definindo a pura opinião patriotica e reformadora da nação, a imponham aos governos, quaesquer que elles sejam, e obriguem a Estado a converter-se á sua verdadeira missão de representante e interprete do sentimento nacional. Moralisar e nacionalizar o Estado, tal deve ser depois de passado o primeiro impeto da paixão, o fim consciente do movimento popular iniciado no dia 11 de janeiro. Quando a nação portugueza tiver governos que verdadeiramente a representem e nos quaes confie, quando o Estado voltar a ser um orgão util e não uma excrescencia parasita e nociva{12} do corpo social, só então poderemos dizer que está dado o primeiro passo no caminho da restauração das forças vitaes da sociedade portugueza. Fevereiro, 1890
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