Estudante morto, colegas presos, passeata de intelectuais e religiosos, tropa de choque, cavalarianos de sabre em riste, carros blindados, gás lacrimogêneo, tiros, jatos de água, paus, pedras, o fim de um caminho. 1968 ? O ano que não terminou traz de volta um período crucial da história brasileira.
Com a urgência das grandes reportagens e com a sofisticação da alta literatura, o jornalista e romancista Zuenir Ventura conta como transcorreu no Brasil o ano que, através do mundo, iria se tornar lendário por conta de manifestações estudantis contra o sistema. No Brasil, sob a ditadura militar estabelecida em 1964, o desenlace seria terrível: pressionado pelos radicais, o presidente Costa e Silva decretaria o AI-5, concentrando poderes e sufocando o que restava de democracia.
A partir dali, não haveria mais a encenação de democracia que vigorava desde o golpe de 1964: o governo do general Arthur da Costa e Silva deteria nas mãos todos os poderes e não se furtaria a usá-los, fosse cassando, exilando, prendendo ou até matando de forma clandestina. Vinte e um anos se passariam até que um presidente civil eleito democraticamente chegasse ao Palácio do Planalto ? Fernando Collor de Mello, que, também democraticamente, seria impedido de governar pelo Congresso, em 1992, acusado de corrupção ? e a normalidade viesse a ser restaurada na vida nacional.
Em 1968 ? O ano que não terminou, o jornalista Zuenir Ventura relata ? a partir da louca festa de réveillon na casa da crítica literária Heloísa Buarque de Hollanda ? o ano de 1968 tal como vivido no Brasil. Com mais de 300 mil exemplares vendidos desde sua primeira edição, em 1988, o livro é considerado um clássico da não ficção nacional.