Após vinte e três anos de ausência da literatura de ficção (sua última novela, ?Dois de Ouros?, foi publicada pela Martins, de São Paulo, em 1966), Fran Martins, que, nesse largo período, dedicara-se exclusivo às letras jurídicas, volta afinal com um livro de contos, este A ANÁLISE.
Gosto de contar que conheci Fran Martins ainda adolescente, fardado de aluno do Liceu do Ceará e já fazendo intensamente literatura. Foi um precoce com final feliz: às esperanças, seguiu-se uma carreira brilhante ? melhor dizendo, brilhantíssima. É ele uma das estrelas entre os seus companheiros de geração ? aquela histórica geração de CLÃ, dominante nas letras cearenses depois da década de 40.
Se, nessa longa ausência, durante a sua ?traição jurídica?, nós, leitores, deixamos de ter os livros novos que Fran nos deveria dar, nada perdemos, contudo, até ganhamos, neste seu retorno.
É que Fran Martins, em A ANÁLISE, regressa melhor do que nunca, enxuto, maduro, definitivo. Fugindo às seduções do regionalismo e do pitoresco, ele agora se aprofunda numa área específica: o território misterioso do coração humano.
Quase tudo é monólogo nestes flashes, quase tudo é confessional na nova coletânea de contos. E esse tudo traduzido num coloquial espontâneo e direto (e nós do ofício bem sabemos quanto é difícil conseguir o efeito do espontâneo e do direto!), sem firulas de estilo, sem arabescos de sociologismo e sem jamais chegar às grossuras da chamada "moléstia infantil do palavrão". Só dizendo o que precisa ser dito, ele nos dá uma prosa de primeiríssima qualidade ? intensa, feita às vezes de carne viva, moderna sem modernices.
Parabéns a Fran Martins pelo seu livro novo. E principalmente parabéns a nós, seus leitores e fãs.
Rachel de Queiroz
Gosto de contar que conheci Fran Martins ainda adolescente, fardado de aluno do Liceu do Ceará e já fazendo intensamente literatura. Foi um precoce com final feliz: às esperanças, seguiu-se uma carreira brilhante ? melhor dizendo, brilhantíssima. É ele uma das estrelas entre os seus companheiros de geração ? aquela histórica geração de CLÃ, dominante nas letras cearenses depois da década de 40.
Se, nessa longa ausência, durante a sua ?traição jurídica?, nós, leitores, deixamos de ter os livros novos que Fran nos deveria dar, nada perdemos, contudo, até ganhamos, neste seu retorno.
É que Fran Martins, em A ANÁLISE, regressa melhor do que nunca, enxuto, maduro, definitivo. Fugindo às seduções do regionalismo e do pitoresco, ele agora se aprofunda numa área específica: o território misterioso do coração humano.
Quase tudo é monólogo nestes flashes, quase tudo é confessional na nova coletânea de contos. E esse tudo traduzido num coloquial espontâneo e direto (e nós do ofício bem sabemos quanto é difícil conseguir o efeito do espontâneo e do direto!), sem firulas de estilo, sem arabescos de sociologismo e sem jamais chegar às grossuras da chamada "moléstia infantil do palavrão". Só dizendo o que precisa ser dito, ele nos dá uma prosa de primeiríssima qualidade ? intensa, feita às vezes de carne viva, moderna sem modernices.
Parabéns a Fran Martins pelo seu livro novo. E principalmente parabéns a nós, seus leitores e fãs.
Rachel de Queiroz