Ao voltar para casa, depois de ver parti r o último trem, de dar-lhe seu adeus silencioso, abria a porta de mansinho, a velha porta descascada rangia, porém sem vizinhos para ouvi-la. Em seguida, a luz de uma vela iluminava por alguns momentos uma ou outra das janelas do casarão, depois se apagava, deixando-a definitivamente mergulhado na sua atroz melancolia e escuridão. Na manhã seguinte, lá estava ela com um ultrapassado turbante branco de onde escapavam os fios grisalhos de cabelos. Os lábios pintados de vermelho, os dedos cheios de reluzentes anéis, o guardachuva nas mãos, caminhava apressada rumo ao seu encontro diário com os trens, o mesmo olhar ansioso, o mesmo abrir e fechar nervoso das mãos. Nunca se soube, nesses anos todos, que alguém chegou...
A casa da solidão
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