Em seu clássico de 1972, The Hidden Injuries of Class, o sociólogo Richard Sennet entrevistou um homem chamado Enrico, trabalhador sindicalizado cuja vida era estruturada pelo cronograma do sindicato, e só fazia sentido por causa de seus sacrifícios para o futuro. Em A CORROSÃO DO CARÁTER, Sennett explora o cenário contemporâneo, representado pelo filho de Enrico, Rico, cuja vida é mais bem-sucedida materialmente, embora em outro contexto, no qual o trabalho não é mais um comprometimento para longos períodos ou com significados mais permanentes.
A partir de entrevistas realizadas com executivos demitidos da IBM em Nova York, funcionários de uma padaria moderna de Boston, um empregado que se transformou em um executivo da publicidade e muitos outros, Sennett analisa os efeitos desorientadores do novo capitalismo. Ele revela o contraste intenso entre dois mundos de trabalho: aquele das organizações hierárquicas rígidas, no qual o que importava era um senso de caráter pessoal; e o admirável mundo novo da reengenharia das corporações, risco, flexibilidade, marketing de rede e equipes que trabalham juntas durante um curto espaço de tempo, no qual o que importa é ser capaz de se reinventar a toda hora.
Em alguns aspectos, as mudanças que marcam o novo capitalismo são positivas: afinal, não se pode negar que elas construíram uma economia dinâmica. Mas elas também podem corroer o senso de objetivos, a integridade e a confiança mútua, fatores que as gerações anteriores encaravam como essenciais para forjar o caráter pessoal.
Em A CORROSÃO DO CARÁTER, Sennet oferece subsídios importantes para entender o contexto político e social do mundo pré e pós-globalizado e para confrontar uma economia baseada no princípio de ?sem comprometimentos a longo prazo?. Richard Sennett dá aulas de sociologia na London School of Economics e na universidade de Nova York. É autor de Carne e pedra, ensaio publicado pela Record, e O declínio do homem público.