'A Dinâmica Pulsional' apresenta uma leitura da teoria mental freudiana em busca de uma figuração consistente para o paradoxo envolvido na noção de um indivíduo dividido. Com efeito, se o termo 'indivíduo' significa indiviso, um 'indivíduo dividido' será uma expressão desprovida de sentido a menos que a indivisibilidade do sujeito seja encontrada na sua divisibilidade. Em outras palavras, um indivíduo dividido só não será uma quimera caso sua divisibilidade seja condição sine qua non para sua unidade. Assim, a presente obra se esforça por executar uma leitura da teoria mental freudiana na qual a solução deste paradoxo possa ser encontrada. Para tanto, as figurações topográfico-mecanicistas que Freud deu à sua concepção da mente serão interpretadas à luz de uma figuração dinâmica na qual as instâncias mentais psicanalíticas (consciência e inconsciente; ego, id e superego) deixem de representar estritamente instâncias psíquicas e passem a constar simultaneamente, cada uma delas, como o próprio todo sem que, no entanto, venham a perder suas características distintivas em si mesmas e nas relações com as demais. Por resultado, teremos em mãos uma leitura da teoria mental freudiana que apresentará soluções para dificuldades históricas envolvidas na noção de uma mente ou de um sujeito dividido. A demonstração de que cada instância psíquica é, ao mesmo tempo que uma parte, a totalidade da mente e do sujeito, significa, por exemplo, que a inconsciência existe na consciência, e que as buscas sem êxito da atual neurociência por uma parte do cérebro ou de seus processos que corresponda à noção de 'inconsciente' têm malogrado não devido à inexistência do que está sendo buscado, mas ao desconhecimento da forma na qual o inconsciente existe na mente.
A Dinâmica Pulsional: Freud e a Teoria do Sujeito Dividido
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