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    A escola e os desafios contemporâneos

    Por Viviane Mosé
    Existem 10 citações disponíveis para A escola e os desafios contemporâneos

    Sobre



    Depois de escrever e apresentar uma série sobre filosofia, ?Ser ou Não Ser??, exibida em 2005 e 2006 no programa Fantástico, desenvolvi uma série sobre educação, exibida no Canal Futura. Durante as gravações, conheci escolas incríveis, todas públicas, nas diversas regiões brasileiras. Entrevistei educadores, gestores, professores, pais, alunos e aprendi muito nessas conversas. Estudei, pensei. As questões pelas quais me vi envolvida me impulsionaram a acreditar em uma escola alegre e fecunda para todos. O objetivo deste livro é compartilhar essas entrevistas que fiz com os educadores Rubem Alves, Moacir Gadotti, Cristovam Buarque, Celso Antunes, Maria do Pilar, Madalena Freire, Tião Rocha, e os portugueses José Pacheco e Rui Canário. Além das entrevistas, a primeira parte do livro apresenta, em forma de ensaios, a discussão que tenho levado aos municípios. Optei por escrever, a título de introdução, um ensaio, um livre pensar sobre a relação educação/contemporaneidade. O objetivo é fazer pensar, provocar interesse. É um empreendimento de alto risco falar do presente, que ainda não digerimos direito, mas esses erros podem nos abrir novas portas e podem nos trazer novas perguntas.
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    Citações de A escola e os desafios contemporâneos

    Quando um aluno não aprende, especialmente nos primeiros anos, quem deve ser reprovado é a escola, a família, o Estado, não uma criança de 6 ou 7 anos;

    Na nova sociedade, tem poder quem agrega pessoas e faz isso quem tem alguma coisa a dizer, quem tem algum tipo de conteúdo e quem compartilha.

    Uma ordem na qual a exclusão não será mais fundamentalmente econômica, mas intelectual e cultural.

    Ensinar não pode ser transmitir conhecimentos, mas, antes de tudo, provocar interesses e dúvidas, fazer com que brotem questões e desenvolver métodos de pesquisa, de filtragem e seleção de dados, de ordenação de conteúdos, de construção da argumentação.

    A educação é o que de fato vai definir a exclusão ou a inclusão de pessoas no processo social no século XXI;

    Somos movidos não pela busca da verdade, mas por uma necessidade de ilusão: dedicamos nossos melhores dias a construir um mundo fantasioso, habitado por pessoas muito diferentes daquelas que conseguimos ser. Vivemos o domínio das imagens e dos modelos: idealizamos um corpo, uma casa, uma família, os filhos, o amor, a vida. E gastamos nossos melhores dias a correr atrás desse ideal que nunca chega, porque é uma imagem. Enquanto a vida, em sua evidência, passa. Movida pela crença em um mundo ilusório, a cultura ocidental buscou afastar os feios, os pobres, os loucos, os homossexuais, os criminosos, mas também a velhice, a morte, a dor. Fingimos não ver o evidente: nossos próprios erros e defeitos, nossas contradições, as dificuldades dos nossos filhos, parentes, amigos: quem erra sempre é um outro que não somos nós, nem nossa família, nem nossos amigos. Julgamos como toupeiras: nos especializamos em não ver.

    Para o filósofo francês Michel Foucault,** nossa sociedade, à medida que foi se estruturando, construiu uma forma muito própria de se relacionar com aquilo que não aceita, não concorda: ela interna. Internar quer dizer, antes de tudo, isolar, em um espaço fechado, controlado, afastado das cidades, pessoas consideradas indesejáveis, intratáveis, perversas, perigosas.

    “A natureza não trata melhor o homem do que as suas demais obras: age em seu lugar onde ele ainda não pode agir por si próprio como inteligência livre. O que o faz homem, porém, é justamente não se bastar com o que dele a natureza fez, mas ser capaz de refazer com a razão e, progressivamente, os passos que ela nele antecipa, transformar a obra da necessidade em obra de sua livre escolha e elevar a determinação física à determinação moral.” Schiller, Cartas para a educação estética da humanidade, Carta III

    A fragmentação do pensamento e do saber é o modo mais eficiente de controle social, quer dizer, da submissão de pessoas a um modelo excludente de sociedade. Sem a capacidade de relacionar a experiência particular com o todo da vida, sem a capacidade de articular o todo da vida com um projeto social mais amplo, sem a capacidade de relacionar esse projeto social com o planeta e a vida, jovens e crianças terminam submetidos a processos e engrenagens que os tornam tão pequenos e insignificantes que não se sentem potentes para transformar aquilo que os oprime. Temos direito a um raciocínio complexo, tanto quanto temos direito à saúde, à alimentação, à moradia etc. É por meio desse pensamento complexo que articulo minha vida social, profissional, afetiva etc. e, como parte do processo social, pessoal, humano, construo uma vida sustentável para mim, para minha família e meus amigos, para a cidade, para o planeta.

    Vivemos uma mudança de meios, uma enxurrada de informações, o mundo vive um processo de instabilidade e incerteza econômica, social, climática, e o modelo educacional vigente nas escolas públicas e privadas, fundado em verdades, em saberes acumulados, sem espaço para a invenção e para a dúvida, não foi preparado para isso.

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