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    A Normalidade

    Por José Montanha

    Sobre

    É claro que mais uma vez está adquirindo este pergaminho por pura necessidade de saber se estou bem ou mal, se as minhas idas e vindas não se encerraram na loucura e se a vontade de trabalhar como um idiota me abandonou, ou se ainda fico percorrendo os botecos e enchendo-a-cara enquanto programas as tuas férias em famiglia ou prepara o espírito de tua prole para cuidar de tua herança. Mas nada disso alivia a tua culpa, o teu dia-a-dia pachorrento, a tua vontade de vencer na vida, a tua crença definitiva que a felicidade se faz em pequenos e idiotas momentos, pois isto tudo são bobagens que a mass mídia implanta no teu cérebro para que você possa trabalhar em pax. É claro que estes relatos são para ti como um veneno necessário, são eles que vão alimentar as tuas conversas a noite depois de trepares como um jumento com tua parceira de cela, pois sabiamente vais dizer que o mundo está repleto de idiotas e que foder e fazer amor são a mesma coisa. E que ter filhos e depois entupi-los com tuas neuroses é uma forma de protegê-los deste mesmo mundo, que no fundo, foi tu e teus seguidores que ajudaram a construir, e que domingo é um dia sagrado para a missa, a família e para assistir ao futebol. O teu hedonismo que é a tua religião, essa pastagem que tu almoças e jantas todos os dias são necessárias para manter tuas ancas levantadas, ou para que teus cabelos não caiam e enfim descubram que tua beleza é impostora. Não adianta nada correres para estes templos e te entupires de misturas mágicas para esconder as tuas rugas e tuas falhas de caráter, isto está entranhado no teu gene desde que teu avô ainda era um primata. A tua covardia é herança genética. O teu egoísmo vai contaminar teus filhos e teus netos, o teu mundo de tão pequeno e medíocre faz você espumar de raiva toda vez que alguém ameaça te desafiar. As tuas paixões não passaram de duas, na segunda, de tão covarde e cagão que és já armaste o grande cenário do cárcere conjugal, e friamente sabes que este é o teu máximo, não sente arrependimento algum, porque nunca soube o que é se apaixonar de verdade e sempre confessa a tuas entranhas que isto tudo era inevitável, não há saída! O teu caráter deve ser medido pela quantidade de vezes que assombrou tua companheira com teu olhar de corvo, com tua presença masculina exasperada diante do teu desastre existencial, da tua voz grave e covarde ditando ordens, de tua defesa incansável da família e da disciplina austera dos filhos, visto que estes são os únicos que por medo e por falta de oportunidade ainda se curvam diante de teu abdômen inchado e de teu hálito suíno. Esta é a estrutura que tu tanto defende custe o que custar, pois sabes que nem nos puteiros és mais respeitado, a menos que apresente dinheiro e submissão. A cada ano ficas mais velho, mais senil e certo que teu corpo está se desintegrando, que morrer e estar vivo para este mundo é um detalhe tênue que tem como divisor de águas apenas o serviço funerário. Eu que escrevi esta lengalenga toda morrerei, tu que o lerás, morrerás também! Um aniversário, um casamento e um velório são co-irmãos de uma única verdade: a morte. Todos os caminhos e todas as veredas floridas de nossas idiotices nos levam a conclusão trágica e ridícula que não há como fugir da rota, não há como desviar o caminho... o céu e a terra se movem, e suas forças atuam ao meu redor, e eu vejo nada mais do que um monstro devorador, sempre digerindo e devorando... (Goethe).  
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