A literatura é um tipo de conhecimento que faz uso da palavra com a finalidade de projetar realidades possíveis. Para tanto, a mimese literária tem no cotidiano a verossimilhança que torna possível a apreensão da obra literária como fenômeno interpretativo. Nesse processo de composição, o gênero literário converte-se naquele conjunto de convenções que o autor se vale para fazer-se compreensível à sua audiência. As narrativas bíblicas e, em especial, a vida de Jesus segundo Mateus, possuem elementos que permitem sua leitura como obras literárias próprias da Antiguidade, cujas estratégias narrativas se mostram construtoras de representações verossímeis da realidade. No caso da vida de Jesus segundo Mateus, seu narrador faz uso daquelas convenções que se conformavam ao horizonte de expectativas de sua audiência e que articulam experiências advindas da literatura greco-romana vigente em sua época e das Escrituras ou Antigo Testamento. Dessa forma, a Paixão de Cristo nos é apresentada como clímax dessa biografia, numa abordagem paradigmática e, ao mesmo tempo, que se configura como realização das Escrituras, que figuram em suas personagens e eventos decisivos o próprio Jesus, que com sua vida paradigmática redimensiona e universaliza o plano divino figurado nas Escrituras.
A Paixão de Cristo Segundo Mateus: uma abordagem literária
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