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    A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos (Transmissão da Psicanálise)

    Por Elisabeth Roudinesco
    Existem 8 citações disponíveis para A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos (Transmissão da Psicanálise)

    Sobre

    ?Ler Roudinesco é uma tarefa urgente.?Catherine Clément, Le Magazine Littéraire. Príncipe dos perversos, marquês de Sade defendia uma ruptura com as leis que regem a sociedade ao divulgar em seus livros a sodomia, o incesto e o crime. Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, contou sem reservas como se tornou o maior chacinador de todos os tempos. Liduína de Schiedam, canonizada em 1890, por décadas impôs a seu corpo terríveis sofrimentos. Neste livro, a prestigiada historiadora e psicanalista Elisabeth Roudinesco apresenta e interpreta a história dos perversos no Ocidente através de suas figuras emblemáticas: de Barba Azul e os santos místicos na Idade Média, ao fenômeno do nazismo, dos pedófilos e terroristas nos dias de hoje.Mostra como a perversão, definida em cada época de um modo diverso, exibe o que não cessamos de dissimular: a parte obscura de nós mesmos, a negatividade presente em cada um. E ainda reflete sobre a sua erradicação. Eliminar a perversão não seria destruir a distinção entre bem e mal que fundamenta a civilização?
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    Citações de A parte obscura de nós mesmos: Uma história dos perversos (Transmissão da Psicanálise)

    Foi dessa forma que Freud introduziu no psiquismo o que poderíamos chamar de um universal da diferença perversa: todo homem é habitado pelo crime, o sexo, a transgressão, a loucura, a negatividade, a paixão, o desvario, a inversão etc. Mas nenhum homem pode estar determinado, em vida e previamente, por um destino que o torne inapto a qualquer superação de si.

    A perversão, portanto, é um fenômeno sexual, político, social, psíquico, trans-histórico, estrutural, presente em todas as sociedades humanas.

    Ao mesmo tempo em que preserva a norma, assegura à espécie humana a subsistência de seus prazeres e transgressões.

    Sejam sublimes quando se voltam para a arte, a criação ou a mística, sejam abjetos quando se entregam às suas pulsões assassinas, os perversos são uma parte de nós mesmos, uma parte de nossa humanidade, pois exibem o que não cessamos de dissimular: nossa própria negatividade, a parte obscura de nós mesmos.

    Que faríamos se não pudéssemos apontar como bodes expiatórios — isto é, perversos — aqueles que aceitam traduzir em estranhas atitudes as tendências inconfessáveis que nos habitam e que recalcamos?

    A psicanálise não é mais manchete nos dias de hoje … . Entretanto, que outro empreendimento, que outro tratamento, que outra forma de estudo do ser humano repousa tão fundamentalmente numa curiosidade e numa interrogação tão incessantes, na exigência absoluta de que o indivíduo encontre sua verdade — livre do sortilégio, do segredo e da erotização do estado de vítima?

    A perversão, portanto, é um fenômeno sexual, político, social, psíquico, trans-histórico, estrutural, presente em todas as sociedades humanas. E se todas as culturas partilham atitudes coerentes — proibição do incesto, delimitação da loucura, designação do monstruoso ou do anormal —, a perversão naturalmente tem seu lugar nessa combinatória. Porém, pelo seu status psíquico, que remete à essência de uma clivagem, ela é igualmente uma necessidade social.

    Em outras palavras a imersão na degradação comanda o acesso a um além da consciência — o subliminar —, bem como à sublimação no sentido freudiano.8 E a travessia do sofrimento e da decadência leva assim à imortalidade, suprema sabedoria da alma.

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