Das religiões surgidas nas últimas décadas, poucas angariaram a riqueza e o poder da Igreja da Cientologia. Conhecida como a ?religião das celebridades?, a cientologia diz contar com milhões de membros ao redor do globo, e seus praticantes mais graduados às vezes são descritos como pessoas com poderes sobre-humanos. O criador da seita, L. Ron Hubbard, fez planos para viver por duzentos anos e certa vez afirmou ter visitado uma lua de Vênus. Assim, cada passo da igreja foi também acompanhado de escândalos, polêmicas e guerras judiciais.
Para trazer à tona os bastidores do enigmático culto que atraiu atores como John Travolta e Tom Cruise, Lawrence Wright, vencedor do prêmio Pulitzer pelo livro-reportagem O vulto das torres - A Al-Qaeda e o caminho até 11/9, realizou mais de duzentas entrevistas com cientologistas e ex-membros da igreja, a maioria deles falando pela primeira vez com um jornalista. Wright combinou ao trabalho de campo anos de pesquisa em arquivos, traçando, assim, o mais completo panorama que se tem do funcionamento interno da Igreja da Cientologia.
No centro do livro estão os dois pilares da igreja: o fundador e escritor de ficção científica L. Ron Hubbard - um misto de líder espiritual, aventureiro, cientista e curandeiro que, mesmo sem propriamente ter sido qualquer uma dessas coisas, escreveu as centenas de livros que são a base da fé e do império da cientologia - e David Miscavige, o violento e explosivo sucessor de Hubbard, a quem coube a difícil tarefa de preservar a igreja após a morte de seu criador.
Wright também revela as crenças e os sistemas de fé da igreja, que envolvem uma guerra intergaláctica de milhões de anos e um ditador alienígena chamado Xenu. Com imparcialidade e sem cair num sensacionalismo fácil, mostra como a igreja persegue celebridades e como elas são usadas para promover os objetivos do Sea Org, o clero da organização, cujos membros assinam um contrato de 1 bilhão de anos com a igreja. Mostra ainda as perseguições e humilhações que recaem sobre muitos que se pronunciaram contra a cientologia, ou que às vezes apenas tentavam escapar dela. O resultado é uma reportagem corajosa sobre a igreja e seus líderes, mas também uma reflexão profunda sobre a natureza da fé.