Era Santa Bárbara da Vitória um lugar de instinto que podia ser dito a coisa ficcional, acaso não fosse a sua realidade de mapa e encravamento nas alvuras do Sergipe, bem para lá de onde vai descendo o Rio São Francisco e recebe as águas que tingem para amarelado esse Santa Bárbara, um rio de bons dourados e peixes de diversidade melancólica; e outro rio que engrossa as águas do último e faz a barra por ali, o da Vitória, que já prima por menor quantidade de peixe em escama para dar lugar aos de couro, o surubim roncador, o pirá e esses mandis que segregam o ferrão na bunda de quem nem aviso tem para lidar com as coisas simples que campeiam a natureza. Quando se juntavam o da Vitória e o Santa Bárbara, faziam um caldo engrossado de azul com amarelo, como era a cor de um e de outro, dava uma cinzenta reflexão quando o sol batia a pino sobre eles dois, num só agregados. E quando era hora mais descida para entardecido, a cor reverberada era de um verde monótono, de tão fundo chegava a ser monótono, mais ainda naqueles pontos de curva com barranco e guãxuma onde, tinha vez, tinha sempre um velho pescando piau e arriscando uma linha mais comprida para a corredeira, na esperança de achar um peixe maior, o que sempre redescobre a isca nas tardes quentes do mundo. Daquele mundo, oxalá um lugar onde o vento do demônio ainda não passou de maneira mais funda. Por isso, havia sempre um estandarte de inocência nas ondas de cada criatura que caminha de um ponto a outro, os modos gentis da solidão se encarregar. A não ser por picuinhas, a não ser por fuxicos. Assim, o que era.
A Travessia das Araras Azuis
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