We love eBooks
    Baixar Ainda se pode falar de democracia? (YMAGO ensaios breves Livro 4) pdf, epub, eBook
    Editora

    Ainda se pode falar de democracia? (YMAGO ensaios breves Livro 4)

    Por Jacques Rancière
    Existem 5 citações disponíveis para Ainda se pode falar de democracia? (YMAGO ensaios breves Livro 4)

    Sobre

    Se o nome democracia designa os regimes governamentais que conhecemos, importa saber o que ele tem ainda para oferecer às aspirações colectivas é a possibilidade de oposição à realidade actual.
    A oposição entre democracia e totalitarismo, ou entre democracia formal e democracia real, exprime as contradições internas à ideia democrática. Remontando a Platão, os paradoxos desta ideia são, por um lado, a denúncia da aparência do poder do povo e, por outro, a afirmação desse poder enquanto condição fundadora da política. O poder do povo é precisamente a condição que permite lutar contra a reprodução da dominação oligárquica, que hoje instaura o modelo gestionário de especialistas insensíveis aos desejos e à agitação das massas. O poder do démos não é, portanto, o poder de um grupo específico, mas sim o poder daqueles que não possuem um grupo para exercer o poder, isto é, de todos e qualquer um. Por isto, a democracia é a ideia de um poder que não pertence a ninguém e que não pode ser tomado em nome de nenhuma competência específica: «o princípio escandaloso da capacidade de qualquer um». Assim, contra a corporação que concentra as formas naturais do poder - nascimento, riqueza, força, ciência - nas figuras do partido, da lista eleitoral, da gestão estatal, da peritagem e do sistema mediático, a política democrática instaura uma capacidade partilhada que aqui é pensada como potência dissensual: é a potência que hoje pode desafiar o consenso oligárquico e a ideia de necessidade histórica. A promessa democrática compreende ainda a ideia de igualdade, não como um fim a atingir, mas antes como a sua verificação através da construção no presente de formas concretas de existência em todos os domínios da vida.
    Dar um novo alcance à promessa democrática, é o que Jacques Rancière propõe com este «desmesurado» programa.
    Baixar eBook Link atualizado em 2017
    Talvez você seja redirecionado para outro site

    Citações de Ainda se pode falar de democracia? (YMAGO ensaios breves Livro 4)

    Aquilo de que fomos testemunhas nas últimas décadas é, efetivamente, um movimento de involução da democracia. Os regimes que carregam este nome tornaram-se cada vez mais oligárquicos. E estas oligarquias levam cada vez mais a cabo duas tarefas conjuntas: a da sua própria reprodução e a da instauração mundial de uma lei de mercado que exige governos de especialistas insensíveis aos desejos e à agitação das massas ignorantes.

    A ideia de democracia vê-se assim cindida em dois: por um lado, o poder do povo é reconduzido ao monopólio de uma oligarquia governamental, cuja ciência especializada deve ser validada pelo consentimento popular unicamente pela sua forma; por outro, esse mesmo poder é assimilado à força perigosa de uma multidão submetida a emoções irracionais.

    Assim sendo, a realidade do poder do povo vê-se cada vez mais reduzida aos períodos eleitorais, isto é, à escolha, todos os quatro ou cinco anos, entre duas versões mais ou menos coloridas de um mesmo programa fundamental. Por conseguinte, qualquer forma de luta e de expressão popular que se afaste do sistema consensual é de imediato invalidada.

    Cada vez mais a conjunção ideal entre o poder coletivo do povo, a liberdade do mercado e a livre escolha dos indivíduos foi desfeita e isto de dois grandes modos: por um lado, pela restrição que a liberdade do mercado impõe ao poder coletivo do povo; por outro, pelo poder crescente, no próprio seio dos países ditos democráticos, dos discursos que denunciam a democracia como um estado de sociedade perigoso para o bom governo.

    Mas a palavra consenso designa algo de mais radical: a impossibilidade de discordar dos próprios dados que resumem o que se está a discutir. A cultura do consenso é uma cultura que admite um certo estado de coisas, um certo estado da relação de forças, como um dado objetivo que se impõe a todos, impondo, simultaneamente, as soluções a propor. Ora, o dado fundamental sobre o qual o consenso hoje repousa é o da condicionante económica global, ou seja, o da lei do mercado mundial.

    eBooks por Jacques Rancière

    Página do autor

    Relacionados com esse eBook

    Navegar por coleções eBooks similares