Um paladino illuminado e moäo, intemerato no ardor da juventude e na exaltaäào da crenäa que nem o martyrio lograria dominar ou perverter, sonhou a redempäào da patria desolada pelas guerras, pela fome, pela oppressào de tyrannias Þvidas e corruptas, por hypocrisias sordidas e degradaäñes monstruosas. Sonhou dias de luz e de ventura, de liberdade e de paz, de boa vontade entre os homens, de trabalho honesto, de civismo austero e de religiào sublimada, formosura e virtude, o resgate da miseria desalentada e tenebrosa em que se afundava um povo, outrora sào e justamente altivo e agora debatendo-se por se salvar e erguer dos abysmos em que a desventura o havia precipitado. E o paladino partiu a conquistar para a patria a fortuna revelada em visñes de{VIII} claridade; e armou-se soldado, transpondo para exercitos do mundo aspiraäñes divinas, a todos os perigos sujeitando a existencia ephemera, sem que algum fosse capaz de lhe turvar a fæ.{IX} II Combateu. Foi vencido. Em vez de palmas de triumpho, recebeu as penas do exilio. Desterrado da ªterra cara da patriaº, que saudou entre a dðr, verteu lagrimas de ªsaudade longiqua sobre as ondas do mar irriquietoº, chorando o ªBeräo do seu nascer, sïlo querido, Onde cresceu e amou e foi ditoso, Onde a luz, onde o cæu riem tào meigos, Seu pobre Portugal’ ’ ’ ’ ’ ’ [1] Proscripto e errante, entre as brumas do norte, ª’ ’ ’ ’ ’ ’ ’ ..as auras puras, O murmurar do arroio, o canto da ave, O fremito do bosque, o grato aroma E o vistoso matiz do ameno prado, O lago quedo a reflectir a lua, As montanhas tào ricas de mysterios, De æccos, de sombras, de tristezas santas:º{X} isso tudo que eram encantos da sua terra, trazia-lh'o ante os olhos, cruelmente, a memoria inexoravel[2
Alexandre Herculano
Sobre
Talvez você seja redirecionado para outro site