AMOR QUE FICA...
Ana é uma bela mulher de trinta e cinco anos, casada com um também jovem e bem-sucedido médico e empresário da sociedade grapiúna. Oriunda da classe popular, ambiciosa, uma alpinista social,ela atingiu o topo da montanha através do casamento. Tem tudo que sempre sonhou: mora numa mansão cinematográfica, faz diversas viagens anuais de turismo pelo mundo, veste roupas caras, participa de festas luxuosas, aparece frequentemente nas colunas sociais, tem uma linda filha e um marido prestigiado, generoso e agradável. Sua vida seria um conto de fadas se não lhe faltasse apenas uma coisa
Neto tem a mesma idade dela. Descendente de agricultores que entraram em declínio a partir de 1988 (ano em que a doença vassoura-de-bruxa começou a mostrar seu poder destrutivo na lavoura cacaueira), ele está rolando montanha abaixo na sociedade grapiúna. Nasceu no topo,mas está sendo puxado para baixo pela derrocada das fazendas de cacau de sua família e também pela sua mentalidade limitada. Solteiro, praticante de esportes, bonito e muito conhecido na sociedade, é um cara que teve muitas oportunidades na vida e as deixou passar. Está numa situação delicada do ponto vista econômica. Está em apuros.
Ana e Neto tiveram um namoro de mais de um ano na época em que foram colegas de escola. Ele era, a despeito do encolhimento contínuo do patrimônio de sua família, um “playboy” curtindo a vida loucamente: “sexo, drogas e rocn´roll”. Ela era uma linda menina suburbana buscando avidamente uma condição de vida melhor. Eles se davam muito bem na cama mas não queriam nada além disso. Ana buscava um homem “de verdade” para constituir família, um provedor, responsável. Neto queria curtir a vida. Nenhum compromisso. Nenhuma responsabilidade. Separaram-se. Perderam contato. Sem crise.
A rede social da internet proporcionou que eles voltassem a ter contato. Movidos pelo desejo, eles iniciam uma relação secreta que era para ser meramente sexual. O destino, esse autor muitas vezes indiferente aos planos de seus personagens, fez com que o caso deles tivesse um desdobramento que foi muito além do que eles desejaram. Desdobrou-se em um caso de polícia.