A Coleção Mar de Histórias: antologia do conto mundial é composta por 10 volumes independentes que contém, nada menos, que 239 contos, de 192 autores escolhidos entre os melhores de 41 países. A expressão Mar de Histórias foi tirada do título, em sânscrito, Kathâsaritsâgara, de uma antiga coletânea da Índia, do século XI. A sua tradução significa isso mesmo: ?mar formado pelos rios de histórias?. A obra foi organizada há mais de quarenta anos por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai, dois dos maiores tradutores e estudiosos da Literatura Mundial em todos os tempos e gêneros.
Eis o décimo e último volume de Mar de histórias, antologia mundial do conto das mais ambiciosas, empreendida há mais de quarenta anos por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai, lexicógrafos, tradutores e ensaístas amplamente conhecidos, que, à margem de outras atividades extensas e variadas, levaram a cabo, em colaboração fraternal, esta empresa imponente.
A obra completa, encerrada em dez volumes independentes, contém nada menos que 239 contos escolhidos entre os melhores de 192 autores pertencentes a 41 literaturas.
O material está disposto por ordem cronológica da publicação dos contos. Cada um deles é precedido de uma introdução que o situa na obra do seu autor e na respectiva literatura. Notas abundantes facilitam a compreensão dos textos.
Este volume em particular contém trabalhos publicados de 1919 a 1925 e escritos na Áustria, Brasil, China, Costa Rica, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Romênia, Tchecoslováquia e Venezuela.
A peça mais extensa do livro é ?O rato de biblioteca?, de Alfredo Panzini. Três grandes inovadores do gênero aqui representados são D.H. Lawrence, cujo pansexualismo exerceu tão forte influência na literatura moderna; Aldous Huxley, que tece a história com requintada sofisticação; e Katherine Mansfield, que substitui a predominância do enredo pela da atmosfera. Do sombrio Franz Kafka, foram transplantados três contos, sujeitos a interpretações divergentes.
A vida de aldeia, tão semelhante por toda parte apesar das diferenças regionais, forneceu temas ao chinês Lu-Hsin, ao finlandês F.E. Sillanpää, ao romeno I.A. Bratescu-Voinesti e à italiana Grazia Deledda, distinguida pelo prêmio Nobel de Literatura. A alma humana é vasculhada pelo norte-americano Sherwood Anderson e pelo polonês Stefan Zeromski. Dos irmãos ?apek, da antiga Tchecoslováquia, inserem-se três histórias matizadas de ironia, no que se parecem com uma pseudorreconstrução hagiográfica de João Ribeiro. Ao lado deste figuram dois patrícios e contemporâneos seus, Lima Barreto e Monteiro Lobato.
Um conto-retrato é traçado pelo cubano Alfonso Hernández Catá; uma narrativa de caráter popular é assinada pelo costariquenho Carmen Lira; um apólogo, pelo venezuelano Pedro Emilio Coll, cujo patrício Rómulo Gallegos se distingue pelo colorido violento de uma peça ao mesmo tempo lírica e épica. Convém ainda assinalar duas narrativas dramáticas do peruano Ventura García Calderón e o surrealismo do holandês Louis Couperus. O húngaro Dezsö Kosztolányi excede pela finura de tons pastel. O humorismo norte-americano é bem-representado por Ring Lardner, registrador do delicioso do blá-blá-blá social.
A variedade deste volume permite, a quem não tivesse lido os precedentes, formar uma ideia da riqueza da obra completa.