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    Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos

    Por Luc Ferry
    Existem 15 citações disponíveis para Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos

    Sobre

    O que é a filosofia? Para que ela serve? Durante uma viagem de férias, amigos propuseram a Luc Ferry que improvisasse um curso no qual respondesse a estas perguntas de forma clara e acessível para pais e filhos leigos no assunto. Sem tempo de recorrer a nenhuma bibliografia, o filósofo viu-se obrigado a ir diretamente ao essencial, sem utilizar palavras complicadas, citações eruditas ou teorias desconhecidas dos ouvintes. No decorrer das aulas, Ferry percebeu que não existia nas livrarias nada equivalente ao curso que estava construindo. Resultado daquelas reuniões amigáveis, Aprender a Viver é voltado para dois públicos: adultos que querem entender a filosofia, mas que não necessariamente pretendem se tornar experts; e jovens que desejam estudá-la a fundo, e procuram um bom embasamento. Apesar de ser uma iniciação à filosofia, este livro não abre mão da riqueza e da profundidade das ideias filosóficas, oferecendo muito mais que uma leitura superficial de textos fundamentais.
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    Citações de Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos

    A vida boa é a vida sem esperanças e sem temores; é, pois, a vida reconciliada com o que é, a existência que aceita o mundo tal como é.

    os filósofos gregos pensavam no passado e no futuro como dois males que pesam sobre a vida humana, dois centros de todas as angústias que vêm estragar a única e exclusiva dimensão da existência que vale a pena ser vivida, simplesmente porque é a única real: a do instante presente. O passado não existe mais, e o futuro ainda não existe, insistiam eles; e, no entanto, vivemos quase toda a nossa vida entre lembranças e projetos, entre nostalgia e esperança.

    Porque ser sábio, por definição, não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre, na medida do possível, tendo enfim vencido os medos que a finitude despertou em nós.

    As três dimensões da filosofia: a inteligência do que é (teoria), a sede de justiça (ética) e a busca da salvação (sabedoria)

    irreversibilidade do curso das coisas, que é uma forma de morte no interior mesmo da vida, ameaça-nos de sempre nos arrastar para uma dimensão do tempo que corrompe a existência: a do passado, onde se instalam os grandes corruptores da felicidade que são a nostalgia e a culpa, o arrependimento e o remorso.

    Mas preferi, nesta apresentação dos grandes momentos da filosofia, abster-me de qualquer olhar negativo, porque acredito que é preciso inicialmente compreender bem antes de criticar, e, sobretudo, porque é indispensável, antes de “pensar por si mesmo”, ter a humildade de “pensar por intermédio dos outros”, com eles, e graças a eles. Ora,

    bem-estar não é o único ideal sobre a Terra. A liberdade também é um ideal. E se a religião acalma as angústias, fazendo da morte uma ilusão, corre o risco de fazê-lo ao preço da liberdade de pensamento. Porque, de certa forma, ela sempre exige em troca da serenidade que pretende oferecer que, num momento ou noutro, a razão seja abandonada para dar lugar à fé, que se ponha termo ao espírito crítico para que se aceite acreditar.

    Poderíamos dizer que, desse ponto de vista, o estoicismo anunciava talvez um dos aspectos mais profundos da psicanálise: aquele que permanece prisioneiro do passado será sempre, como diz Freud, incapaz de “fruir e agir”.

    Os dois grandes males: o peso do passado e as miragens do futuro Comecemos

    Há, com efeito, momentos em que não estamos dispostos a transformar o mundo, mas simplesmente a amá-lo e a experimentar com todas as nossas forças as belezas e as alegrias que ele nos oferece. Por

    Marco Aurélio insiste: Lembra-te de que cada um de nós só vive no momento presente, no instante. O resto é o passado, ou o obscuro futuro. Pequena é, pois, na verdade, a extensão da vida que temos na verdade de enfrentar. Ou, como diz Sêneca em suas Cartas a Lucílio: É preciso separar duas coisas: o temor do porvir, a lembrança dos males antigos. Estes não me dizem mais respeito, e o porvir ainda não me diz respeito,12 ao

    Por exemplo, quando você vai tomar banho de mar, quando põe a máscara para observar os peixes, você não mergulha para mudar as coisas nem para melhorá-las ou corrigi-las, mas, ao contrário, para admirá-las e amá-las. É mais ou menos segundo esse modelo que o estoicismo nos estimula à reconciliação com o que é, com o presente tal como ele é, para além de nossas esperanças e de nossos remorsos. É para esses momentos de graça que ele nos convida, e para multiplicá-los, torná-los tão numerosos quanto possível, ele nos sugere, de preferência, a mudança de nossos desejos, e não a da ordem do mundo. Daí

    “Esperar um pouco menos, amar um pouco mais”

    trata-se de viver no presente, afastar de si os remorsos, os arrependimentos e as angústias que cristalizam o passado e o porvir, para aproveitar cada instante da vida como merecido, quer dizer, com plena e total consciência de que, para os mortais que somos, pode ser que seja o último.

    ser sábio, por definição, não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre, na medida do possível, tendo enfim vencido os medos que a finitude despertou em nós.

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