Aprender a viver: Filosofia para os novos tempos
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A vida boa é a vida sem esperanças e sem temores; é, pois, a vida reconciliada com o que é, a existência que aceita o mundo tal como é.
os filósofos gregos pensavam no passado e no futuro como dois males que pesam sobre a vida humana, dois centros de todas as angústias que vêm estragar a única e exclusiva dimensão da existência que vale a pena ser vivida, simplesmente porque é a única real: a do instante presente. O passado não existe mais, e o futuro ainda não existe, insistiam eles; e, no entanto, vivemos quase toda a nossa vida entre lembranças e projetos, entre nostalgia e esperança.
Porque ser sábio, por definição, não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre, na medida do possível, tendo enfim vencido os medos que a finitude despertou em nós.
As três dimensões da filosofia: a inteligência do que é (teoria), a sede de justiça (ética) e a busca da salvação (sabedoria)
irreversibilidade do curso das coisas, que é uma forma de morte no interior mesmo da vida, ameaça-nos de sempre nos arrastar para uma dimensão do tempo que corrompe a existência: a do passado, onde se instalam os grandes corruptores da felicidade que são a nostalgia e a culpa, o arrependimento e o remorso.
Mas preferi, nesta apresentação dos grandes momentos da filosofia, abster-me de qualquer olhar negativo, porque acredito que é preciso inicialmente compreender bem antes de criticar, e, sobretudo, porque é indispensável, antes de “pensar por si mesmo”, ter a humildade de “pensar por intermédio dos outros”, com eles, e graças a eles. Ora,
bem-estar não é o único ideal sobre a Terra. A liberdade também é um ideal. E se a religião acalma as angústias, fazendo da morte uma ilusão, corre o risco de fazê-lo ao preço da liberdade de pensamento. Porque, de certa forma, ela sempre exige em troca da serenidade que pretende oferecer que, num momento ou noutro, a razão seja abandonada para dar lugar à fé, que se ponha termo ao espírito crítico para que se aceite acreditar.
Poderíamos dizer que, desse ponto de vista, o estoicismo anunciava talvez um dos aspectos mais profundos da psicanálise: aquele que permanece prisioneiro do passado será sempre, como diz Freud, incapaz de “fruir e agir”.
Os dois grandes males: o peso do passado e as miragens do futuro Comecemos
Há, com efeito, momentos em que não estamos dispostos a transformar o mundo, mas simplesmente a amá-lo e a experimentar com todas as nossas forças as belezas e as alegrias que ele nos oferece. Por
Marco Aurélio insiste: Lembra-te de que cada um de nós só vive no momento presente, no instante. O resto é o passado, ou o obscuro futuro. Pequena é, pois, na verdade, a extensão da vida que temos na verdade de enfrentar. Ou, como diz Sêneca em suas Cartas a Lucílio: É preciso separar duas coisas: o temor do porvir, a lembrança dos males antigos. Estes não me dizem mais respeito, e o porvir ainda não me diz respeito,12 ao
Por exemplo, quando você vai tomar banho de mar, quando põe a máscara para observar os peixes, você não mergulha para mudar as coisas nem para melhorá-las ou corrigi-las, mas, ao contrário, para admirá-las e amá-las. É mais ou menos segundo esse modelo que o estoicismo nos estimula à reconciliação com o que é, com o presente tal como ele é, para além de nossas esperanças e de nossos remorsos. É para esses momentos de graça que ele nos convida, e para multiplicá-los, torná-los tão numerosos quanto possível, ele nos sugere, de preferência, a mudança de nossos desejos, e não a da ordem do mundo. Daí
“Esperar um pouco menos, amar um pouco mais”
trata-se de viver no presente, afastar de si os remorsos, os arrependimentos e as angústias que cristalizam o passado e o porvir, para aproveitar cada instante da vida como merecido, quer dizer, com plena e total consciência de que, para os mortais que somos, pode ser que seja o último.
ser sábio, por definição, não é amar ou querer ser amado, é simplesmente viver sabiamente, feliz e livre, na medida do possível, tendo enfim vencido os medos que a finitude despertou em nós.