"Sem conseguir ter acabado de pronunciar toda a frase, Amélie apercebera-se que estava a acontecer de novo.
- Mariana, deixe tudo e vá para cima! - gritou-lhe de forma tão possante quanto o seu fino timbre lhe permitira, correndo a fechar com veemência a porta da sala. Ela sabia que sempre que aquilo acontecia, não valia a pena indagar, querer ajudar ou fazer fosse o que fosse. Ao descer as escadas, antes de passar no tanque, cuja água corrente anulava outras sensações auditivas, ouviu loiças a partir, móveis a arrastar e gritos guturais, situação para a qual não encontrava qualquer explicação. A velha Amélie saberia controlar toda a situação, como fazia sempre que o mesmo se repetia."
No verão de 1760, Amélie d'Alençon - na altura uma jovem de dezassete anos - vem para Portugal com uns tios, fugindo da tensão dos conflitos franceses, propiciada pela Guerra dos Sete Anos. Nesse mesmo Verão, apaixona-se por um esbelto cavaleiro, filho de um Conde da região, senhor de um intimidatório espólio relacionado com a produção de vinho. O tio, sabendo que a permanência em Portugal era apenas confinada à duração do conflito, adverte, por carta, o irmão - um prestigiado Comandante de um Exército que combatia as Forças Austríacas - de tal paixão. Amélie, contra tudo e contra todos, enceta um atribulado romance com Gaspar Sousa, casando-se aquando da conclusão do seu Curso de Medicina em Coimbra. Recebe, algum tempo depois, a notícia que seu Pai perecera em combate. Os seus tios, começando a ganhar raízes no território com a produção de vinho generoso, apadrinham o casamento. O casal adquire um bucólico solar - abandonado há muitos anos - na mesma zona transmontana, onde vivem felizes com o seu filho Gerard.
Algum tempo depois da morte do prestigiado Médico, Amélie dedica os seus dias à leitura de uns estranhos livros, guardados no pó do pequeno palacete. Sem se aperceber, acordara a ancestral maldição que controlava aquela quinta. De mentes fracas, a anciã e o seu filho - que regressara para junto dela depois da morte do Pai -, deixam-se possuir por tal esconjuro, transformando-se em duas estranhas criaturas. Uma atenta e bela criada, Mariana, de corpo aberto aos espirituais desígnios, consegue. por atribulados caminhos, voltar a adormecer tal anátema, libertando os dois do seu domínio.
Terá essa maldição voltado a acordar?
- Mariana, deixe tudo e vá para cima! - gritou-lhe de forma tão possante quanto o seu fino timbre lhe permitira, correndo a fechar com veemência a porta da sala. Ela sabia que sempre que aquilo acontecia, não valia a pena indagar, querer ajudar ou fazer fosse o que fosse. Ao descer as escadas, antes de passar no tanque, cuja água corrente anulava outras sensações auditivas, ouviu loiças a partir, móveis a arrastar e gritos guturais, situação para a qual não encontrava qualquer explicação. A velha Amélie saberia controlar toda a situação, como fazia sempre que o mesmo se repetia."
No verão de 1760, Amélie d'Alençon - na altura uma jovem de dezassete anos - vem para Portugal com uns tios, fugindo da tensão dos conflitos franceses, propiciada pela Guerra dos Sete Anos. Nesse mesmo Verão, apaixona-se por um esbelto cavaleiro, filho de um Conde da região, senhor de um intimidatório espólio relacionado com a produção de vinho. O tio, sabendo que a permanência em Portugal era apenas confinada à duração do conflito, adverte, por carta, o irmão - um prestigiado Comandante de um Exército que combatia as Forças Austríacas - de tal paixão. Amélie, contra tudo e contra todos, enceta um atribulado romance com Gaspar Sousa, casando-se aquando da conclusão do seu Curso de Medicina em Coimbra. Recebe, algum tempo depois, a notícia que seu Pai perecera em combate. Os seus tios, começando a ganhar raízes no território com a produção de vinho generoso, apadrinham o casamento. O casal adquire um bucólico solar - abandonado há muitos anos - na mesma zona transmontana, onde vivem felizes com o seu filho Gerard.
Algum tempo depois da morte do prestigiado Médico, Amélie dedica os seus dias à leitura de uns estranhos livros, guardados no pó do pequeno palacete. Sem se aperceber, acordara a ancestral maldição que controlava aquela quinta. De mentes fracas, a anciã e o seu filho - que regressara para junto dela depois da morte do Pai -, deixam-se possuir por tal esconjuro, transformando-se em duas estranhas criaturas. Uma atenta e bela criada, Mariana, de corpo aberto aos espirituais desígnios, consegue. por atribulados caminhos, voltar a adormecer tal anátema, libertando os dois do seu domínio.
Terá essa maldição voltado a acordar?