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    Asas da loucura

    Por Paul Hoffman
    Existem 13 citações disponíveis para Asas da loucura

    Sobre

    Pela primeira vez, o premiado jornalista americano Paul Hoffman narra a verdadeira e extraordinária história da vida do aviador brasileiro Alberto Santos-Dumont e dos primórdios da aviação. Fruto de minuciosa e abrangente pesquisa, “Asas da loucura” explora em minúcias, sem mitificação, os aspectos pessoais da vida do aviador e os detalhes de sua personalidade controversa. De suas páginas emerge o retrato sincero de um homem que contribuiu de forma única para a conquista dos céus pelo homem. Numa narrativa arrebatadora, Hoffman conta a história de um homem atormentado, que contribuiu de forma decisiva para a modernidade e simbolizou o espírito torturado do século XX. Eis, finalmente, a biografia definitiva do pai da aviação.
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    Citações de Asas da loucura

    O fato de que “milhões de pessoas” ao longo da história viram o mesmo fenômeno, observou um comentarista, “e que não tenham tirado proveito prático dessa experiência, só engrandece aqueles que a partir de indícios tão banais fizeram a descoberta”.

    Santos-Dumont foi talvez o homem mais prestigiado de Paris nos primeiros anos do século XX.

    Os primeiros passageiros aéreos no mundo, uma ovelha, um galo e um pato, foram colocados em uma gaiola suspensa embaixo do balão. Os animais escaparam ilesos da viagem de uns 3 quilômetros até a floresta de Vaucresson, exceto o galo, cuja asa direita ficou ferida por um golpe maldoso desferido pela ovelha.

    Em 1709, o aeronauta brasileiro Lourenço de Gusmão, conhecido como o padre voador, foi condenado à morte pela Inquisição sob acusação de feitiçaria.

    Eu estava no estágio do marcador vermelho, quando comecei a folhear os livros sobre Santos-Dumont que havia comprado mais cedo naquele dia. Eles eram repletos de fotografias e me detive nas mais intrigantes. Sua aeronave Nº 5, destroçada, pendendo do telhado do Hotel Trocadero. Santos-Dumont usando um terno escuro, descendo do Baladeuse, diante de seu apartamento nos Champs-Élysées. Seus olhos fundos e tristes e seus lábios cobertos por um bigode não mostravam nenhum esboço de sorriso, fotografia após fotografia, que foram tiradas em ocasiões supostamente felizes, após um voo que estabeleceu recorde ou um bem-sucedido teste de uma nova aeronave. Havia pouco que eu estava examinando as fotografias quando um garçom, empunhando um espeto de filé mignon aproximou-se da mesa. Será que ele não tinha visto o marcador vermelho? Mas ele não estava ali para me servir de carne. “Os irmãos Wright. Uma catapulta!”, deixou ele escapar com desdém.

    Ele foi um gênio torturado, um espírito livre que buscava escapar do confinamento da gravidade, da rivalidade de seus companheiros aeronautas, do isolamento de sua educação num meio rural, da visão estreita dos cientistas mais velhos, da conformidade da vida de casado, dos estereótipos sexuais, e mesmo do destino de sua querida invenção.

    As máquinas voadoras não existiam nos anos de 1890, e os prognósticos científicos eram desanimadores. Santos-Dumont ignorava os risinhos sarcásticos e insistia que em breve elas estariam em toda parte.

    “Quando os nomes daqueles que ocuparam posições de destaque no mundo forem esquecidos”, declarou o Times londrino em 1901, “um nome permanecerá em nossa memória, o de Santos-Dumont.”

    Santos-Dumont foi talvez o homem mais prestigiado de Paris nos primeiros anos do século XX. Sua imagem elegante estampava-se em caixas de charutos, caixas de fósforos e aparelhos de jantar. Desenhistas de moda fizeram negócios prósperos com réplicas de seu chapéu-panamá e com seus colarinhos altos e duros dos quais ele tanto gostava. Fabricantes de brinquedos não conseguiam produzir quantidade suficiente de modelos de seus balões. Até mesmo os confeiteiros franceses o homenageavam com bolos em forma de charuto decorados com as cores da bandeira brasileira.

    Depois dos testes secretos em 1903, os Wrights aperfeiçoaram o Flyer ao longo de mais de cem voos em Huffman Prairie, um pasto a 12 quilômetros a leste de Dayton, mas não conseguiram vendê-lo aos órgãos governamentais. Eles queriam que os compradores assinassem um contrato de compra, antes de ver o aeroplano e assistir a seu voo. Quando Washington e Londres o recusaram em 1905, eles ofereceram o aeroplano à França por um milhão de francos (250 mil dólares). Os franceses pensaram que o avião poderia ser útil contra seu eterno inimigo, a Alemanha, e entusiasmados ofereceram 5.000 dólares como garantia de compra, contudo, ao final, o negócio não se concretizou, porque o ministro da Guerra estava impressionado com as demonstrações dos aeronautas franceses. Os Wrights contataram a Alemanha, que não possuía um programa de desenvolvimento de máquinas mais pesadas que o ar, porém as negociações pararam porque os militares quiseram ver o avião antes de assinar o contrato. Como Crouch observou, “os Wrights, apesar de grandes inventores, foram maus negociadores”. Octave Chanute, uma das poucas pessoas a quem os Wrights confidenciavam, aconselhou-os a atrair compradores potenciais fazendo voos espetaculares em público. Eles recusaram os conselhos, e Chanute os culpou de terem tomado essa decisão “movidos pelo desejo de ficarem muito ricos”. A imprensa americana também perdeu a paciência. Em janeiro de 1906, a Scientific American, que dificilmente poderia ser acusada de partidarismo em relação à França, questionou os experimentos realizados perto de Dayton: teriam realmente acontecido? A revista divulgou o boato dizendo que, em outubro de 1905, Wilbur Wright voara a distância espantosa de 38 quilômetros em 39 minutos. “É possível acreditar”, especulou a Scientific American, “que repórteres americanos sempre tão diligentes que, como todos sabem, são até capazes de descer pela lareira quando a porta está trancada — mesmo que tenham de escalar um arranha-céu de 15 andares

    Em 10 de abril de 1902, Santos-Dumont chegou a Nova York a bordo do navio Deutschland e, nas palavras dos tabloides da cidade, logo se inteirou de “coisas que teriam chocado alguém mais sensível”. Acompanhado de Aimé e Chapin, seu mecânico-chefe, ele trouxe um grande caixote contendo a quilha do Nº 7, mas ao desembarcar os funcionários da alfândega o confiscaram. Santos-Dumont disse-lhes que havia pesquisado minuciosamente as leis de importação americanas. De acordo com a Lei Tarifária de Dingley, ele explicou, os cientistas poderiam importar material para ilustrar suas conferências, e os artistas trazerem suas obras para o país com o objetivo de exibi-las. Ele era tanto um cientista quanto um artista, retrucou. Mas para os funcionários ele parecia um dândi afetado que poderia pagar um imposto elevado e, então, apreenderam o caixote e as outras partes da sétima aeronave que haviam chegado alguns dias antes em L’Aquitane. Disseram-lhe que cobrariam uma taxa correspondente a 45% do valor da aeronave, a menos que recebessem instruções contrárias do Departamento do Tesouro. Além disso, recebeu a notícia desagradável de que a Feira de St. Louis fora adiada para 1904. “O homem que voava pelos ares sorriu com indiferença ao ouvir cada uma dessas notícias”, publicou o Pittsburgh Dispatch. “O aeronauta brasileiro jamais imaginaria que o tivessem convidado a visitar o país para exibir a maior aeronave do mundo e, ao chegar, as autoridades o obrigariam a pagar um imposto por trazê-la.”

    Muitos meninos sonharam em ter uma máquina de voar, uma espécie de carro alado que pudesse decolar e pousar em qualquer lugar sem precisar de uma pista de pouso. No século XXI, ninguém realizou esse sonho. Uma pequena elite corporativa utiliza helicópteros para ir ao trabalho, voando entre locais de pouso seguros e os telhados dos escritórios. Mas mesmo um poderoso industrial cosmopolita não pode voar até seu restaurante favorito, ao teatro ou a uma loja. Um único homem na história usufruiu essa liberdade. Seu nome foi Alberto Santos-Dumont, e seu corcel aéreo era um balão dirigível.

    Uma pequena elite corporativa utiliza helicópteros para ir ao trabalho, voando entre locais de pouso seguros e os telhados dos escritórios. Mas mesmo um poderoso industrial cosmopolita não pode voar até seu restaurante favorito, ao teatro ou a uma loja. Um único homem na história usufruiu essa liberdade. Seu nome foi Alberto Santos-Dumont, e seu corcel aéreo era um balão dirigível.

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